Antigo desejo do Governo de Roraima, a integração terrestre entre Boa Vista e Georgetown, na Guiana, poderá sair do papel em breve. Representantes do Governo do Estado, da Assembleia Legislativa de Roraima e da Federação das Indústrias do Estado (Fier) participam, desde ontem, 15, de uma série de reuniões na capital guianense para tratar sobre a viabilidade da pavimentação de uma estrada entre Lethem e Georgetown, além da construção de um porto de águas profundas, entre outros assuntos.
Hoje, 16, o governo da Guiana apresentará o “Estudo de Mercado relativo à Pavimentação da Estrada Lethem-Linden e à Construção de Porto de Águas Profundas na Guiana”, que irá beneficiar o setor produtivo de Roraima e de outros estados brasileiros. O estudo foi feito pela empresa alemã HPC, subsidiária da administradora do Porto de Hamburgo, contratada pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), por solicitação do Governo da Guiana.
Cerca de 50 pessoas integram a comitiva, entre eles o secretário estadual de Planejamento, Alexandre Henklain, o deputado federal Remídio Monai (PR), o presidente em exercício da Assembleia Legislativa, deputado Coronel Chagas (PRTB), e outros seis deputados estaduais, além de empresários, produtores, técnicos e assessores.
À Folha, Henklain relatou que a viagem de Boa Vista a Georgetown foi uma aventura à parte. “Fizemos o reconhecimento do terreno literalmente falando. Tínhamos o propósito de conhecer a estrada, o grau de trafegabilidade, as dificuldades e quais as complicações da estrada. A viagem durou 12 horas, incluindo uma travessia de balsa”, disse.
O secretário de Planejamento afirmou que alguns trechos da estrada estão asfaltados, como de Boa Vista até Lethem, e num trecho de 128 quilômetros antes de chegar a Georgetown. “Estamos falando de uma estrada de aproximadamente 660 quilômetros, em que temos cerca de 420 quilômetros não asfaltados, com alguns trechos de terra bons e outros nem tanto”, frisou, reforçando que a estrada é trafegável, mesmo nos trechos de terra, durante o verão e o inverno, tanto por caminhões de carga como por veículos que fazem transporte de pessoas.
Mesmo com as atuais condições da estrada, Alexandre Henklain defende o fomento a exportações e importações para que os governos dos dois países e os bancos efetivem o plano de pavimentar a rodovia. “Hoje acontecerá o ponto alto da nossa viagem, que é a solenidade de entrega do estudo de mercado sobre a viabilidade da pavimentação da estrada e da construção de um porto em águas profundas na Guiana”, destacou. (V.V)
Comitiva de Roraima se reúne com autoridades e empresários guianenses
A comitiva roraimense que está em Georgetown teve ontem diversas reuniões com autoridades e empresários guianeses para tratar de assuntos como regulamentação sanitária para o trânsito e importação de produtos agropecuários pela Guiana, arrendamento de terras por empresários brasileiros, ou em parceria com investidores guianenses, para empreendimentos agropecuários no país vizinho e a consolidação do Acordo de Transporte Internacional de Passageiros e de Cargas.
Pela manhã, a comitiva teve uma reunião com representantes do Gabinete da Guiana para o Investimento (Go-Invest), empresa do governo guianense que administra a política de incentivos fiscais, de apoio à infraestrutura e de fomento a investimentos. “Dentre os fomentos que ofereceram, está o arrendamento de terras por longos períodos. Seria uma espécie de comodato, como já acontece com um rizicultor de Roraima. Outros empresários do Estado e do Centro-Oeste têm interesse em investir na Guiana nesses projetos de comodato”, afirmou o secretário de Planejamento, Alexandre Henklain.
Para ele, o desenvolvimento econômico da Guiana é fundamental para o desenvolvimento econômico de Roraima e vice-versa. “Precisamos integrar os dois países, para termos uma escala de produção maior, ampliação de terras. As condições de solo, clima e a própria infraestrutura facilitam”, assegurou.
A comitiva se reuniu também com o vice-ministro da Agricultura, que reforçou a estratégia do governo guianense para o desenvolvimento do setor primário. O principal tema da reunião foi a defesa agropecuária, com ênfase na atuação integrada no combate à mosca da carambola. “Queremos fazer ações em conjunto para erradicar a mosca e minimizar os riscos de propagação da praga. Do ponto de vista nacional, o assunto será coordenado pelo Governo Federal. Mas Roraima está empenhado nisso”, garantiu Henklain.
Reuniões com empresas guianenses também foram realizadas ontem. “Nos foram apresentadas oportunidades de negócio, como a possibilidade de importação via Guiana de fertilizantes, de exportação de grãos, farelo de soja e de arroz de Roraima para o país vizinho”, explicou.
À tarde, a comitiva visitou um porto na cidade, administrado por uma empresa privada. “Tratamos de uma série de assuntos, inclusive do Acordo de Transporte Internacional de Passageiros e de Cargas, que ainda está em discussão no Parlamento da Guiana. Esperamos ter uma reunião com o Ministério dos Transportes para tratar sobre isso”, frisou. (V.V)