Política

Governo decreta situação de emergência por seis meses

Falta de medicamentos e precariedade da estrutura física das unidades de saúde motivaram decreto governamental

Durante 180 dias, o Estado viverá situação de emergência na Saúde, conforme anunciou o Secretário estadual de Saúde, Kalil Coelho Filho, durante o programa Agenda da Semana, na Rádio Folha AM 1020, apresentado por Marcelo Nunes, neste domingo, 25.
De acordo com Coelho Filho, a situação de emergência foi decretada no sábado, 24, após a constatação da falta crônica de medicamentos e a precariedade da estrutura física dos hospitais locais. “É lastimável como encontramos a Saúde, mas nós faremos o que for preciso para reverter este quadro”, destacou o secretário.
Como medida para resolver o problema, ele classificou como fundamental o abastecimento imediato das unidades de saúde estaduais. “Esse é o nosso principal gargalo no momento. Nós encontramos o Estado sem medicamentos, sem material algum para o funcionamento. O abastecimento nas unidades é uma questão que deve ser resolvida para ontem e, por isso, vamos fazer uma compra emergencial para os próximos três meses”, revelou.
De acordo como secretário, simultaneamente à compra dos medicamentos, haverá pregões eletrônicos, considerados por ele como “via normal para abastecimento contínuo e regular de medicamentos”. Ele destacou ainda que um Plano Anual de Medicamentos está sendo elaborado para sanar o problema em longo prazo. “Nosso sistema de farmácia está trabalhando nesse plano para que não tenhamos que passar por isso novamente”, frisou.
Outra medida anunciada é a troca imediata de todo o sistema elétrico das unidades de saúde estaduais. “Encontramos uma situação muito precária e temos que, pelo menos, parcialmente, resolver esse problema nesse período de emergência de 180 dias. A estrutura elétrica é muito antiga e não pode mais ser usada. Por conta disso, há constantes quedas de energia e má distribuição elétrica para os equipamentos, o que tem queimado muitos equipamentos, causando custos desnecessários ao Estado”, afirmou o secretário.
Coelho Filho também destacou a superlotação das unidades de saúde. Ele enfatizou que a falta de comunicação entre as unidades pode ser um dos maiores motivos pela falta de leitos no Estado. “Nós não temos leitos, mas, mesmo assim, muitas pessoas poderiam ser atendidas em outras unidades. Por este motivo, é preciso estabelecer um diálogo entre os postos de saúde e o Hospital Coronel Mota, por exemplo, que trabalha com atendimento especializado. Nós temos que otimizar todo o sistema para superar esta crise”, reforçou.
CIRURGIAS ELETIVAS – Sobre o adiamento das cirurgias eletivas, que são aquelas que não oferecem risco de vida ao paciente, tanto no Hospital Geral de Roraima (HGR) quanto no Hospital Materno-Infantil Nossa Senhora de Nazareth (HMINSN), o secretário de Saúde afirmou que em até dez dias as cirurgias no HGR deverão retornar completamente. “Nós já iniciamos parcialmente esse retorno.Porém, ainda estamos sem material. Mas acredito que isso será sanado ainda nesta semana” disse.
Sobre o HMINSN, ele afirmou que as cirurgias devem permanecer suspensas até que toda a estrutura seja revista. “A maternidade vem sendo o ‘patinho feio’ da história. Nós temos que olhar com muito carinho para ela e, por isso, demandaremos muito mais tempo para sanar as tantas dificuldades que ela vem apresentando. Lá existem problemas que não são solucionados somente com um abastecimento de remédios. Porém, eu penso que até o final do próximo mês estaremos normalizando as cirurgias na maternidade também”, disse.
INTERIOR – Quanto às unidades de saúde do interior,Kalil Coelho Filho afirmou que já estão sendo tomadas medidas para a descentralização da Saúde. “O SUS prega essa meta e nós também. Por isso, estamos reorganizando e reestruturando as unidades de saúde do interior para que o HGR não seja mais o único centro de saúde estadual”, enfatizou.
Conforme o secretário, algumas medidas já foram tomadas. “No nosso segundo dia de gestão, fomos à Rorainópolis e já começamos a normalizar a situação por lá. Tanto que na última sexta-feira [23], já foram realizadas dez cirurgias na unidade”, frisou Filho.
Ele afirmou que também já foram realizadas reuniões com as diretorias das unidades de saúde de Normandia e que durante esta semana os municípios de Caracaraí e Mucajaí também receberão visitas de planejamento. (J.L)
Governo pretende encerrar contrato com terceirizadas da Saúde
Em entrevista ao programa Agenda da Semana, o Secretário estadual de Saúde, Kalil Coelho Filho, afirmou que a intenção da nova gestão é encerrar contratos com empresas terceirizadas que prestam serviço à Sesau. “Quase todos os serviços prestados ao Governo do Estado por empresas terceirizadas têm sido alvos de denúncias ou insatisfação dos pacientes, por isso estamos trabalhando para que, num futuro muito próximo, o governo possa fornecer esses serviços e dispensar as terceirizadas. Mas é claro que isso não vai acontecer da noite para o dia”, anunciou. 
Coelho Filho informou que neste primeiro momento, será feito um levantamento para identificar quais as empresas que poderão ter o contrato reincidido e quais devem permanecer. “Nós não iremos cancelar de imediato todos esses contratos, mesmo porque não temos como fornecer esses serviços agora. Nós ainda vamos continuar com as empresas terceirizadas por um tempo, mas vamos caminhar para que o Estado possa suprir essa demanda”, esclareceu.
De acordo com o titular da pasta, apesar da intenção em ser autossuficiente, alguns serviços são indispensáveis. “A exemplo da empresa que nos fornece oxigênio. O Estado não fabrica oxigênio e não tem como fabricar. É um serviço essencial para nós e a empresa sempre nos prestou um bom serviço, por isso ela deve permanecer”, explicou.
“O que a gente não tem como é ficar pagando por um serviço precário, como no caso do HGR [Hospital Geral de Roraima], onde o fornecimento da alimentação é péssimo e a empresa já pediu para cancelar o contrato. Então, se não funciona, por que continuar? Mas nós também temos empresas boas, com empresários maravilhosos. E essas irão continuar. Por isso, cada caso será analisado, lembrando sempre que o nosso objetivo é caminhar para que o Estado possa sanar essas demandas sem as terceirizadas”, concluiu.  (J.L)