Em entrevista à Folha, o novo diretor-presidente do Instituto de Previdência de Roraima, José Haroldo Campos, afirmou que o Governo do Estado deve cerca de R$ 700 milhões ao órgão por conta de parcelamentos não pagos e descontos feitos na folha do servidor e não repassados ao Instituto, além de dívida patronal.
“Nós estamos levantando essa dívida ainda. Eu já repassei ao interventor federal Antonio Denarium a dívida nominal em torno de R$ 515 milhões, mas, como eu disse, essa é a dívida nominal e ainda tem que ser acrescida de juros, multa, correção monetária, então nós estamos ainda trabalhando em cima do número exato, mas deve ficar em torno dos R$ 700 milhões a dívida que o Governo do Estado tem com o Iper”, garantiu.
Campos disse que o levantamento total de dívidas do Instituto ainda não foi concluído e que nesse primeiro momento está focado na questão administrativa. “Algumas diretorias realmente estavam um pouco desorganizadas, algumas sem diretores e o primeiro passo foi organizar, definir novos diretores e melhorar a gestão do Iper”, explicou.
O novo presidente do órgão explicou que essa dívida pode ser dividida em três partes: falta de repasse do recurso patronal, falta de repasse do dinheiro que era retirado dos segurados e não era repassado e parcelamentos antigos que já não vinham sendo honrados. “Eu acredito que as gestões passadas, por conta de uma má administração, tinham costume de trabalhar com a chamada ‘folha líquida’ que é aquela folha que eles pagavam apenas o que o segurado, os servidores do Estado, recebiam. Eles não trabalhavam com a chamada ‘folha bruta’, que é a que vem dizendo que você tem que repassar, o que é retirado do segurado, a parte patronal e até os consignados. Então por essa falta de gestão é que eu acredito que esses governos passados não estavam honrando com esses repasses que deveriam ser repassados ao Iper”, comentou.
Para Haroldo Campos, a opção que o Governo do Estado hoje tem é realmente fazer um reparcelamento de toda a dívida. “Tem um projeto de lei na Assembleia que permite que toda a dívida seja reparcelada e, se essa lei for votada, o Governo do Estado vai poder pegar todo esse montante que nós estamos calculando e reparcelar isso em até no máximo 200 vezes. Claro que o Governo do Estado vai ter que honrar, além dessa parcela, também com o valor mensal senão vira uma bola de neve. Sem a opção do parcelamento fica muito difícil, pois de onde o Governo vai tirar R$ 700 milhões para pagar? O reparcelamento não é a melhor solução, mas acho que é a única maneira de sanar essa dívida que o Governo tem com a previdência dos servidores”, disse.
Falência de Fundos de Aplicação causam prejuízo milionário
Haroldo Campos falou também sobre a situação dos recursos investidos em fundos de aplicação que agora estão falindo. Hoje a totalidade dos recursos do Iper está em Fundos de Investimento. “Entre esses fundos nós temos cinco que chamamos de ‘fundos podres’ onde em torno de R$ 180 milhões foram investidos em 2012 e até hoje o Iper sangra por conta da má gestão desses fundos”, citou.
O presidente afirmou que tem reuniões marcadas tanto em São Paulo, como no Rio de Janeiro, para conversar com os gestores para ver se consegue, mesmo com prejuízo, tirar os recursos do Iper desses fundos.
“O que acontece é que além do prejuízo gigante, ainda corremos o risco de ter que aportar mais dinheiro, porque o contrato assinado previu que, em caso de falência, quem tivesse investido teria que aportar mais dinheiro. Então hoje a situação de dois desses fundos realmente são situações emergenciais e nós temos que tirar o dinheiro deles porque senão, além do prejuízo, teremos que colocar mais dinheiro ainda”, explicou.
Segundo José Haroldo Campos, os outros Fundos são todos de bancos públicos [Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil] e estão seguros. “Vamos trabalhar para sempre escolher fundos seguros. Temos uma meta para bater de rendimento anual e essa meta é o IPCA mais 6%, o que é realmente um desafio no cenário do mercado de hoje você consegue atingir essa meta, mas vamos colocar o dinheiro nos melhores fundos para render mais e atingir a meta e tirar o dinheiro desses fundos podres que até hoje dão prejuízo, que hoje está estimado em R$ 100 milhões de prejuízo”, concluiu.