Política

Governo do Estado quer participar de oitiva com índios sobre Tucuruí

Secretaria de Planejamento afirmou que a reunião com os índios Waimiri-Atroari ainda não foi confirmada pela Funai

Agendada para a próxima quinta-feira, 1º, a oitiva com os indígenas Waimiri-Atroari para discutir a construção do Linhão de Tucuruí passando pela terra indígena ainda não está confirmada pela Fundação Nacional do Índio (Funai). A informação é do secretário estadual de Planejamento, Alexandre Henklain.

Procurado pela Folha, o secretário afirmou que entrou em contato há duas semanas para confirmar a realização da audiência. “Queremos ter a certeza de que vai acontecer, porque é de fundamental importância que representantes do Governo do Estado estejam presentes, uma vez que somos parte interessada”, disse, não descartando a hipótese que a governadora Suely Campos (PP) participe da oitiva, dependendo apenas da agenda.

Além de representantes do Governo de Roraima, os indígenas teriam solicitado a presença do presidente da Funai, João Pedro Gonçalves, de dois representantes do Governo Federal e de dois do Governo do Amazonas. “É um momento importante, que será levado em consideração na hora da resolução do problema. Se a governadora for, será acompanhada de um secretário. Garanto que representantes do alto escalão estarão lá”, afirmou Henklain.

A expectativa do Governo do Estado, segundo o secretário, é que a oitiva seja um marco referencial no que se refere a estabelecer uma solução que possibilite a emissão da carta de anuência pelos indígenas e ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) emitir a licença ambiental para que a obra, que tinha previsão de conclusão para 2015, seja iniciada.

“A obra é de imensa relevância estratégica para Roraima, que poderá ser interligado ao Sistema Nacional Interligado [SNI]. O Governo Federal tem o compromisso de oferecer energia confiável para o Estado e a única maneira é pelo Linhão de Tucuruí”, disse, ao comentar que, mesmo com a implantação de parques termelétricos, continuam acontecendo apagões e quedas de energia, o que gera prejuízos para a sociedade.

De acordo com Henklain, como as obras do Linhão não iniciaram, o Governo Federal se viu obrigado a construir termelétricas adicionais no Estado para suprir a demanda de energia. “Mas elas são muito poluentes, chegando a competir com o desmatamento”, comentou. “Com as dificuldades financeiras pelas quais o país tem passado, a União poderia deixar de gastar R$ 700 milhões por ano, com o funcionamento das termelétricas, com locação de maquinário e diesel, para investir em outras áreas”, frisou.

Todos esses fatores serão apresentados e discutidos com os indígenas durante a oitiva. “Precisamos de uma solução urgente para esse problema”, reiterou o secretário de Planejamento.

FUNAI – A Folha entrou em contato com a assessoria de comunicação da Fundação Nacional do Índio para confirmar a realização da oitiva, mas não obteve resposta até o fechamento desta matéria, às 19h.

RESCISÃO – Quanto ao pedido de rescisão, protocolado pela concessionária Transnorte Energia S.A (TNE), formado pela Eletronorte e Alupar, na Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) no mês passado, Alexandre Henklain disse que há uma informação de que a concessionária está reconsiderando a decisão. “Estão reavaliando a decisão, considerando o empenho do Governo do Estado e dos parlamentares federais”, frisou. (V.V)