Política

Governo Federal deve ajudar Roraima a arcar custos, diz Selma

Estado tem 255 escolas indígenas, que atendem 14 mil alunos e são mantidas exclusivamente com recursos estaduais

“O Estado de Roraima sozinho não é capaz de financiar uma educação de qualidade”, afirmou a secretária de educação, Selma Mulinari, em entrevista concedida ao programa Agenda da Semana, apresentado pelo radialista Getúlio Cruz, na Rádio Folha AM 1020, deste domingo, 16.

De acordo com a secretária, que participou, na semana passada, da elaboração da “Carta Educação Norte”, em Manaus (AM), o Estado tem condições diferenciadas do restante do País, que tornam a educação mais cara. “Nós temos, ao todo, 382 escolas, sendo que 255 são indígenas.Isso é mais que o dobro do que temos nas cidades.

São 74 mil alunos, sendo 14 mil indígenas. Ou seja, mais da metade das escolas são indígenas, com um número reduzido de estudantes, o que encarece o custo de cada aluno”, reforçou a secretária.

“Toda a manutenção, merenda, transporte escolar e pagamento de professores dessas escolas é feita exclusivamente com recursos próprios do Estado, mas não temos condições de arcar com tudo isso sozinhos”, afirmou a secretária, destacando ainda que toda a verba usada para financiar a educação estadual é retirada o Fundo de Participação dos Estados (FPE), que repassa para o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) estadual. “Ou seja, nós [o governo] que financiamos toda a educação, inclusive, repassando verbas para os municípios”, reforçou a secretária.

De acordo com ela, há muito o que fazer, mas pouco dinheiro a ser investido de imediato. “Nós somos o estado que mais investe em educação indígena do País, e essa educação é cara”, disse,afirmando que escolas que atendem as comunidades indígenas estão em locais de difícil acesso, onde só é possível chegar de avião ou barco, o que encarece os serviços de merenda escolar e o transporte dos alunos. “Diferente de outros Estados, nós não recebemos nenhum centavo de complementação de recursos da União ou da Funai [Fundação Nacional do Índio] para financiar a educação indígena”, informou a secretária.

Para Selma Mulinari, o Governo Federal pensa a educação com dados referentes às regiões Sul e Nordeste e não percebe as particularidades da região Norte. “Por isso, nós, os secretários de educação da região norte, nos reunimos e elaboramos uma carta, porque sabemos que juntos temos mais peso para reivindicar situações específicas de cada localidade”, frisou. A carta, que pede mudançasna elaboração da planilha do custo aluno, será entregue à presidente Dilma Rousseff e ao Congresso Nacional. (J.L)