O Gabinete de Crise da Presidência da República, dirigido por Jair Bolsonaro (PSL), prometeu ao governador Antonio Denarium (PSL) que as licenças ambientais para a construção do Linhão de Tucuruí devem sair até maio. O linhão ligará Boa Vista a Manaus, integrando Roraima ao Sistema Interligado Nacional e, nas estimativas de técnicos do Ministério de Minas e Energia, a obra deve demorar 30 meses.
A promessa foi feita depois de pedido do governador, que se mostrou preocupado com a possibilidade de Roraima ficar sem energia, após agravamento da crise na fronteira da Venezuela, segundo confirmou o chefe da Casa Civil, Disney Mesquita.
“O governador vem lutando diariamente para sensibilizar o governo federal sobre a questão e recebemos a notícia com muita alegria e esperança. A vinda do linhão vai dar tranquilidade aos roraimenses e ajudar a desenvolver o Estado, que é o nosso maior objetivo”, disse Mesquita, complementando que o linhão sempre foi uma bandeira de luta do governo Denarium. “Nesse momento de crise, essa promessa é um sinal claro de que o governo federal está comprometido com Denarium a ajudar Roraima”, concluiu.
O empreendimento foi licitado em 2011, mas, por falta de licenciamento relacionado à construção de rede de transmissão de energia em território dos índios Waimiri-Atroari, o projeto não saiu do papel.
O consórcio Transnorte (formado pela empresa Alupar e pela Eletronorte), responsável pela obra, está concluindo a topografia na terra indígena e o inventário florestal, que são atividades exigidas pelo Ibama para conceder a licença ambiental. Essa etapa está concluída até 15 de março. A partir dessa etapa, o consórcio deve entregar um documento, o PDA, para solicitar a licença de instalação.
Foram investidos mais de 300 milhões no empreendimento, mas as obras nunca começaram. A concessão para a construção do Linhão de Tucuruí, bem como de sua exploração econômica ocorreu através de leilão público em 2011 e sua conclusão estava prevista para 2015. A obra teve um reajuste de preços que vai elevar o custo em mais de R$ 2 bilhões por conta do atraso na conclusão.
O nó de toda a polêmica está no traçado escolhido para a linha que liga Roraima ao resto do País. Dos 721 quilômetros da malha, 121 quilômetros passam dentro da Terra Indígena Waimiri-Atroari, uma área de 26 mil quilômetros quadrados, maior que o Estado de Sergipe. Na terra indígena, espalhados em 31 aldeias, vivem 1.600 índios.
O traçado previsto anteriormente corria paralelamente à BR-174, que liga Manaus a Boa Vista e que, portanto, já passa pela terra indígena há mais de 30 anos. Uma autorização do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) permitirá aproximar mais as torres da estrada. Em vez da distância de 500 metros, anteriormente prevista, a rede será instalada dentro da “faixa de domínio” do Dnit, a 40 metros do asfalto.
Roraima é o único Estado do País que não é interligado no sistema nacional. Por isso, é abastecido pela energia elétrica gerada na Venezuela desde 2001 e por usinas térmicas a óleo diesel.
A ligação entre Boa Vista e o complexo hidrelétrico de Guri, em Puerto Ordaz, é feita pelo Linhão de Guri. A dependência da energia da Venezuela coloca o Estado em risco de ficar no escuro, principalmente, diante da crise no país vizinho. Boa Vista enfrentou mais de 80 blecautes em 2018, contra 33 ao longo de todo o ano de 2017.
EMERGÊNCIA – O governo também disse que tem um plano de emergência para acionamento de termelétricas para Roraima, caso o regime de Nicolás Maduro resolva suspender o fornecimento de energia para o Estado. Reportagem do jornal O Globo, em setembro, mostrou que, sem a Venezuela, a geração de energia para Roraima custará R$ 1,2 bilhão por ano, valor que seria custeado pelos consumidores de todo o País.