Moradores do Município de Pacaraima (RR) divulgaram, nas últimas duas semanas, vídeos que registram uma movimentação anormal de tropas do Exército Brasileiro em direção à fronteira do Brasil com a Venezuela.
A situação tem assustado a população local e ajudado a alimentar teorias conspiratórias sobre possível relação com a iminência da ditadura venezuelana de Nicolás Maduro em querer invadir a Guiana para tomar o rico em petróleo território Essequibo, que corresponde a 74% do País vizinho.
Ao resumir a falta de informação sobre a chegada de dezenas de veículos do Exército à cidade fronteiriça, incluindo dois tanques de guerra, o presidente da Associação Comercial e Empresarial de Pacaraima, João Kleber Soares Borges, revelou que a movimentação gera espanto.
“Situação essa que deixa a gente, ao mesmo tempo tranquilo, porque é sinal de que nossa fronteira tá com a proteção reforçada, ao mesmo tempo um pouco preocupada. Talvez eles já tenham alguma informação que nós, certamente, não temos e estão se precavendo”, disse.
Procurada, a primeira Brigada de Infantaria de Selva esclareceu que a ida do comboio à fronteira compõe as atividades normais de um treinamento de tropa. “Esse exercício, em específico, trata-se do Adestramento Avançado da 1ª Brigada de Infantaria de Selva chamado Operação Roraima 2023, sendo uma prática comum para manter a prontidão e eficiência das forças militares”, afirmou.
A Folha também aguarda resposta do Ministério da Defesa brasileiro.
Referendo na Venezuela
No dia 3 de dezembro, venezuelanos irão às urnas para decidir se aceitam ou não anexar a região guianense à Venezuela. A área concentra blocos de petróleo com reservas que correspondem a mais de 10 bilhões de barris.
Na terça-feira (21), o assessor especial para Assuntos Internacionais da Presidência da República do Brasil, Celso Amorim, viajou a Caracas para alertar o ditador Maduro sobre a campanha a favor da anexação, embora sem pedir para não realizar a consulta popular. As informações são do jornal O Globo.
O Brasil teme que a situação saia do controle, uma vez que Maduro já defendeu publicamente a invasão do território em disputa desde o século 19, quando a Guiana ainda era colônia britânica. Por isso, Amorim pediu que o ditador busque o diálogo e baixe o tom sobre as ameaças de invasão territorial sob o argumento de que uma escalada da tensão entre os dois países pode causar uma “instabilidade regional”.
O jornal também relatou que o presidente da Guiana, Irfaan Ali, pediu ao homólogo brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para que dissuadisse Maduro de sua intenção de avançar sobre o território do País.
O portal guianense Guyana Chronicle repercutiu fala de Ali de que seu País está em estado de preparação para um possível conflito, embora acredite que toda a tensão seja baseada na retórica venezuelana. O presidente disse ainda que não espera que o País vizinho aja de forma imprudente e acredita que o litígio seja resolvido pacificamente na Corte Internacional de Justiça (CIJ).