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‘Há esperança de ter os sonhos restaurados’: ALE-RR combate uso de drogas e alcoolismo

Dia Nacional de Combate às Drogas e ao Alcoolismo é comemorado neste 20 de fevereiro; leis estaduais abordam temática

Uso abusivo de álcool e outras drogas destrói famílias (FOTO: Eduardo Andrade/ SupCom ALE-RR)
Uso abusivo de álcool e outras drogas destrói famílias (FOTO: Eduardo Andrade/ SupCom ALE-RR)

Nesta terça-feira, 20 de fevereiro, comemora-se o Dia Nacional de Combate às Drogas e ao Alcoolismo, data que busca difundir informações sobre os perigos e os danos causados por essas substâncias à saúde. Em Roraima, somente no ano passado, foram contabilizados 487 novos cadastros de pacientes no Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (CAPS AD III) e quase três mil atendimentos clínicos, psicológicos e psiquiátricos, segundo a Secretaria de Estado da Saúde (Sesau).

Alexsandro Ferreira vai completar 37 anos em uma nova fase na vida. Há cinco meses, ele fundou um núcleo do projeto “Resgatando Vidas”, em Caracaraí, região Sul de Roraima, para atender e acolher dependentes químicos e em outras situações de risco. Alexsandro conviveu com as drogas e o álcool por quase 20 anos e, após buscar suporte na Fazenda da Esperança, venceu essa etapa e usa a própria história como exemplo para ajudar outras pessoas.

Alexsandro Ferreira fundou um núcleo do projeto “Resgatando Vidas”, em Caracaraí, sul de Roraima (FOTO : Arquivo pessoal)

“Primeiro, fiz um tratamento, consegui ajuda, porque não é fácil ter ajuda quando se trata de dependência química. Fiquei um ano internado na Fazenda da Esperança, onde fui voluntário posteriormente por dois anos. Nesse período, só aumentou o desejo missionário de ajudar pessoas que estão passando por essa situação pela qual já passei”, comenta, ao acrescentar que o grupo oferece refeições, reuniões e momentos de troca de experiências.

O núcleo do projeto “Resgatando Vidas” já atendeu mais de 40 pessoas e mantém as atividades a partir de doações. Quem deseja conhecer a iniciativa, pode contatar através do telefone (95) 99131-6060. Depois de deixar para trás as drogas e o álcool, Alexsandro chegou a fazer cursos em São Paulo e concluiu a formação de agente terapêutico holístico, com o objetivo de cuidar daqueles em situação de vulnerabilidade social.

“Pela graça e misericórdia de Deus, estamos fazendo esse trabalho. Acolhemos, fazemos uma triagem, buscamos entender o histórico e acompanhamos de perto essa pessoa. Conseguimos comprar um forno e estamos produzindo pães para vender e manter o local. Nossas reuniões têm uma celebração religiosa, falamos de esperança, caráter, personalidade, dificuldades e lazer. Tudo isso dá um sentimento de família”, detalha Alexsandro.

Mudar para recomeçar

O Centro Reflexivo Reconstruir, da Secretaria Especial da Mulher, da Assembleia Legislativa de Roraima (ALE-RR), aborda o uso de drogas e o consumo excessivo de álcool durante as reuniões realizadas com homens condenados pela Justiça Estadual em processos de violência contra a mulher. As atividades do centro foram retomadas no início de janeiro e contemplam 76 homens.

O abuso do consumo de álcool potencializam casos de violência doméstica, destaca o servidor do Reconstruir, Jadiel Ribeiro (FOTO : Eduardo Andrade/ SupCom ALE-RR)

Servidor do Reconstruir, Jadiel Ribeiro avalia que o uso de drogas e o consumo de álcool são os principais fatores para a violência familiar. O profissional acrescenta que, uma vez consumidas, essas substâncias alteram o sistema nervoso central dos indivíduos, cujo órgão principal é o cérebro, levando-os a cometer as agressões.

“O homem já tem o comportamento agressivo, mas sem o uso das drogas ele consegue controlar esses impulsos, porém, aqueles que usam essas substâncias acabam perdendo o controle sobre seus comportamentos, cometendo violência doméstica e familiar contra a esposa e os filhos. É como se ele tivesse outra personalidade no comando do sistema nervoso central”, declara Jadiel.

Um dos principais objetivos do Centro Reflexivo Reconstruir é fazer com que os homens repensem suas atitudes e, no futuro, quando voltarem a ter relacionamentos, rompam o ciclo de violência. Além dos homens enviados pela Justiça de Roraima, o centro também atende aqueles que buscam acolhimento de maneira voluntária. Para isso, basta ir até a sede da Secretaria Especial da Mulher, na Avenida Santos Dumont, 1470, bairro Aparecida.

Além desse trabalho, a Casa Legislativa aprovou diferentes normas que tratam do tema, como a Lei nº 439/2004, que prevê a exibição de filmes nos cinemas do Estado sobre as consequências do uso das drogas; a Lei nº 595/2007, que obriga as escolas a fixarem cartazes tratando da mesma temática; e a mais recentemente, a Lei nº 1.697/2022, que trata da política sobre drogas em Roraima.

Atendimento multiprofissional

As consequências de quem usa drogas e consome álcool em excesso podem ser observadas no desenvolvimento de pressão alta, doenças cardíacas e respiratórias, perda de memória, irritação, isolamento e alterações no apetite e no sono. Mas os reflexos ultrapassam a esfera individual e causam danos para quem convive com a pessoa.

De acordo com diretor do Centro de Atenção Psicossocial, Eraldo Mesquita, foram realizados quase três mil atendimentos em 2023 (FOTO : Eduardo Andrade/ SupCom ALE-RR)

Para atuar no combate às substâncias, o CAPS AD oferece atendimentos gratuitos àqueles que desejam vencer essa etapa. O diretor da unidade, Eraldo Marques Mesquita, afirma que a sociedade desconhece o trabalho do centro, mas que as equipes multiprofissionais atendem de segunda a sexta-feira, das 7h às 19h.

“Somos referência nesse atendimento, estamos sempre de portas abertas. Temos atendimento noturno, com internações de 14 dias, para que as pessoas possam sair dessa crise de abstinência e medicamentos e, posteriormente, buscar ajuda em alguma comunidade terapêutica ou clínica”, reforça Eraldo.

A unidade funciona na Rua José Bonifácio, 630, bairro Aparecida, em Boa Vista. Qualquer pessoa pode buscar os serviços. Há ainda medicação assistida e dispensada, atendimentos em grupos e oficinas terapêuticas, visitas e atendimentos domiciliares e acolhimento noturno para usuários em abstinência ou que possuam critérios psicossociais, como a necessidade de observação, repouso e proteção, manejo de conflito, entre outros.

Para quem deseja sair das drogas, Alexsandro, personagem do início do texto, deixa um recado. “Aqueles que passam por situação de dependência química ou alcoolismo e perderam a esperança, precisam reconhecer que necessitam de ajuda. Sou prova viva de quem esteve no fundo do poço, sem esperança na família e na sociedade, que decidiu dizer sim para a vida e não mais para as drogas e a morte. Entenda que há esperança de ter os sonhos restaurados”, recomendou o agente terapêutico.