A legislação vigente, em todos os níveis, ampara e assegura os direitos de crianças portadoras de necessidades especiais no ensino regular educacional. Na prática, entretanto, a inclusão desses alunos nas escolas ainda é o grande desafio enfrentado por pais e profissionais que atuam na área.
A falta de uma metodologia no ensino e a capacitação de professores para o trabalho de atendimento educacional especializado dentro da sala de aula são as maiores reclamações dos pais, os quais são obrigados a escolherem bem a idade e a escola certa para iniciarem os filhos na vida estudantil.
A rede municipal de ensino oferece vagas para alunos com deficiência em todas as escolas do município, pela Lei nº 1.578, de 29 de julho de 2014, que assegura a matrícula para o estudante com deficiência na escola municipal mais próxima de sua residência. Apesar disso, a matrícula é garantida apenas para alunos a partir dos quatro anos de idade, o que é considerado tarde por especialistas na área pedagógica.
Para quem opta por colocar o filho portador de necessidades especiais antes dos 4 anos, a única alternativa é a escola particular. Ainda assim, muitas ainda não estão preparadas para receber os alunos, o que acaba dificultando o processo de aprendizagem.
Foi o que aconteceu com a psicóloga Lauricélia Carneiro, que tem um filho de 2 anos portador de autismo, um transtorno de desenvolvimento que compromete as habilidades de comunicação e interação social. Segundo ela, a falta de capacitação dos professores da escola onde o garoto estudava para lidar com a sua necessidade acabou dificultando a inclusão com o resto da turma. “Coloquei ele na escola particular, mas mesmo com o treinamento que os professores tiveram, não conseguiram trabalhar a questão da adaptação do meu filho”, disse.
A mãe disse que algumas escolas estão totalmente perdidas no processo de inclusão de crianças especiais. “A lei obrigou as escolas a incluírem esses alunos, mas não treinou ninguém, não capacitou e nem houve um planejamento para trabalhar essa inclusão”, analisou.
Para ela, além de muitas escolas não ensinarem a interação social com outros alunos, falta conhecimento em relação especificidade da personalidade de cada aluno. “Cada um tem sua necessidade, algumas crianças são mais sociais e outras menos. No caso do autismo, que é o que o meu filho sofre, ele tem problemas de concentração, com dificuldade para ficar na sala de aula, mas não usaram uma metodologia para atraí-lo a querer ficar na escola”, relatou.
Conforme Lauricélia, o filho não conseguiu se adaptar à vida estudantil e permaneceu apenas um mês e meio na escola. “Percebi que ele não estava bem e tirei. Ele ficava na sala, mas não gostava, então passou a ter ansiedade e o comportamento piorou”, explicou.
A fisioterapeuta tentou vaga em unidades de ensino do município, que oferecem ações na Modalidade de Educação Especial com base na Política de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (2008), além de Atendimento Educacional Especializado nas Salas de Recursos Multifuncionais, no contraturno, aos alunos com necessidades educacionais especiais. “A prefeitura só aceita a partir dos quatro anos. Quem tem menos de 2 anos, ou os pais pagam ou não têm. Todos os psicólogos indicam colocar cedo, mas tem gente que não tem condições de pagar”, lamentou.
Para a professora de uma escola particular da Capital, Sueli da Conceição, o processo de aprendizagem de alunos com necessidades especiais deve partir da atenção dada ao aluno. “É muito importante. A gente faz um trabalho específico, sem excluir aqueles que possuem alguma limitação dos demais estudantes, mas dando atenção necessária a ele, com um acompanhamento especial. Acredito que isso seja o diferencial para a inclusão”, destacou. (L.G.C)