Depois de cinco dias ocupando prédio do Distrito Sanitário Especial do Leste (Dsei Leste), os mais de 300 indígenas ligados ao Movimento Indígena de Roraima, com representantes de várias etnias, resolveram sair do local depois de intensas negociações com o novo coordenador do Dsei Leste, o médico ortopedista Victor Paracat. A indicação de Paracat foi o que motivou o movimento de invasão ao prédio.
Para haver o entendimento da negociação e desocupação do local, os indígenas pediram a saída de alguns servidores do Dsei.
“Os líderes indígenas pediram que alguns servidores fossem substituídos, inclusive funcionários da União, e garanti que irei levar esse pedido aos órgãos competentes, Ministério Público Federal e Tribunal de Contas, e darei esse posicionamento durante reunião marcada para esta sexta-feira e eles devem também apresentar outras reivindicações e vamos analisar como podemos atender aos pedidos”, disse.
Victor disse que já acionou a assessoria jurídica do Dsei para analisar os pedidos apresentados. “Estamos colocando pra eles, juntamente com o Condisi, que é o Conselho Indígena, a viabilidade de atender ao pedido deles, mas não me cabe afirmar isso, mas aos órgãos que já estamos consultando”, afirmou.
Ele afirmou que desde a invasão ao prédio que vem conversando com lideranças de comunidades. Ontem, segundo informou, reuniu-se com 11 líderes indígenas na tentativa de chegar a um consenso.
“Ontem nos reunimos um grupo de 11 lideranças e alguns conversamos individualmente por região, para atender às reivindicações. E quanto ao meu nome como coordenador, aparentemente, todos os líderes que já conversamos estão de acordo”, afirmou.
No final da tarde de segunda-feira, com a desocupação, é que o coordenador pode entrar no prédio e iniciar os trabalhos depois de tomar posse a mais de uma semana. “Estamos com nossas atividades normais depois que houve a desocupação e vamos analisar as condições em que se encontra o Distrito e traçar nosso plano de trabalho”, disse.
Paracat informou que nestes cinco dias o Dsei deixou de realizar uma série de ações, internas e externas, entre elas destacou a falta de transporte e logística de atendimento, como o acompanhamento de ações via satélite, abastecimento, troca da equipe de funcionários de áreas, setor de orçamento e pagamentos, dentre outros.
“Tudo isso foi informando para o Ministério da Saúde e Ministério Público para que tomem conhecimento dos fatos”, disse. “Estamos botando a casa em ordem e analisando todos os contratos que estão em vigência com o Dsei e outros problemas que vêm surgindo e estamos tomando pé para resolver. Até porque agora é que pudemos entrar no Dsei e tomar conhecimento do que temos e o que precisamos fazer e começar a resolver”, disse.
OUTRO LADO – A Folha manteve contato com a assessoria de comunicação do Movimento Indígena de Roraima para saber sobre os pedidos e quais as lideranças que já aceitam o nome de Victor Paracart para a coordenação do Dsei, mas até o fechamento desta edição não houve retorno.
O Movimento Indígena reúne lideres de 320 comunidades das regiões da Serra da Lua, Amajari, Murupu, Tabaio, WaiWai, São Marcos, Surumu, Raposa, Serras e Baixo Contingo, com uma população estimada em 49 mil indígenas dos povos Macuxi, Wapichana, Sapará, Patamona, Taurepang e Waiwai. (R.R)