
O vereador Ítalo Otávio (Republicanos), um dos parlamentares mais atuantes da Câmara Municipal de Boa Vista (CMBV), concedeu entrevista ao programa Agenda da Semana, da Rádio Folha 100.3, neste domingo (9). Durante a conversa, ele avaliou os primeiros meses da gestão do prefeito Arthur Henrique, destacando pontos como o reajuste salarial dos servidores, a fiscalização de recursos públicos e os desafios do transporte coletivo na capital.
Reajuste salarial
Um dos temas centrais da entrevista foi o reajuste salarial de 6,1% concedido aos servidores municipais, retroativo a janeiro. Ítalo Otávio criticou a rapidez com que o projeto foi votado. Ele ressaltou que apenas um dos 11 sindicatos consultados estava satisfeito com o percentual, enquanto os índices de inflação apontavam para um reajuste próximo a 9,48%.
O vereador apresentou duas emendas ao projeto. A primeira propunha a realização de um estudo de viabilidade em 90 dias para ajustar o reajuste ao índice adequado. A segunda garantia o pagamento de valores retroativos aos servidores. Ambas foram aprovadas, mas a primeira foi vetada pelo prefeito após o Carnaval. “Se fosse apenas 6,1%, eu teria votado não. Mas, com as emendas, mudei meu voto para sim”, explicou.
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Mobilidade urbana
Ítalo Otávio também abordou os desafios do transporte público em Boa Vista, destacando a concorrência desleal entre ônibus, mototáxis, táxis-lotação e aplicativos. Ele defendeu que o transporte coletivo deve ser priorizado, com tarifas mais acessíveis e qualidade no serviço. “Os ônibus precisam ter preços cada vez mais justos. Não vivemos em um clima ameno como Belo Horizonte ou Rio de Janeiro. Aqui, o sol é intenso, e as pessoas precisam de conforto”, afirmou.
O parlamentar criticou a falta de regulamentação dos mototáxis e aplicativos, lembrando que a Câmara já aprovou projetos nesse sentido, mas a prefeitura não os normatizou. Ele também defendeu subsídios para o transporte coletivo e maior investimento em mobilidade urbana.
Fiscalização de recursos
Outro ponto destacado foi a fiscalização de recursos públicos. Ítalo Otávio revelou que encaminhou 54 ofícios à prefeitura apenas em fevereiro, questionando problemas como a falta de medicamentos para crianças autistas, falhas no atendimento das Unidades Básicas de Saúde (UBS) e a não aplicação de recursos federais destinados a profissionais da saúde.
Ele também acionou o Ministério Público Federal (MPF) para investigar a destinação de verbas do programa Previne, que deveriam ser usadas para pagar gratificações a enfermeiros, técnicos de enfermagem e agentes comunitários de saúde. “Desde maio do ano passado, esses profissionais não recebem esses recursos. A prefeitura não respondeu aos questionamentos, então acionei o MPF”, explicou.
Educação e câmeras corporais
O vereador criticou a proposta da prefeitura de equipar porteiros de escolas municipais com câmeras corporais. Ele classificou a medida como “um gasto desnecessário” e destacou que nem a polícia ou a guarda municipal utilizam esse tipo de equipamento. “Colocar câmeras em porteiros gera desconforto e não traz segurança. A solução seria instalar câmeras fixas nas portarias”, afirmou.
Ítalo Otávio também mencionou a falta de cuidadores para crianças autistas nas escolas, destacando que o número atual é insuficiente para atender à demanda. “Temos escolas com 28 crianças laudadas e apenas oito cuidadores. Precisamos aumentar esse número e garantir a inclusão educacional”, disse.