O clima entre o Governo do Estado e a Assembleia Legislativa de Roraima (ALE-RR) nas últimas semanas demonstra certa divergência entre os poderes, inclusive com acusações públicas de tentativa de interferir nos trabalhos um do outro. Apesar do ambiente de crise, a perspectiva é que os entreveros políticos não impeçam o andamento dos trabalhos na Casa.
A avaliação é do presidente da ALE-RR, deputado Jalser Renier (SD), em entrevista ao programa Agenda da Semana na Rádio Folha 100.3 FM, no domingo, 27. Questionado sobre as recentes declarações do deputado Soldado Sampaio (PC do B), líder do Governo na ALE, o parlamentar afirmou que as discussões no parlamento são naturais.
“Ele [Sampaio] está fazendo o papel dele e eu estou fazendo o meu, desde que não haja desrespeito na Casa. Até porque a minha intenção é sempre trazer o equilíbrio, o bom diálogo e a conversa na Assembleia Legislativa”, declarou Jalser. “As matérias que o Governo apresentar, vamos analisar e votar. Isso é absolutamente normal no parlamento”, acrescentou.
O presidente também acrescentou que nem todas as vezes os deputados vão concordar entre si, mas que as divergências são características ao ofício de parlamentar. “Isso é o parlamento, muito dinâmico. São 24 cabeças pensando. Nessa questão pontual [sobre a fala de Sampaio] eu até relevo e passo por cima. Mais do que conversar sobre essas questões, é importante discutir o que o Estado vai fazer no orçamento. Tem problemas maiores para a gente combater, como a fome e o desemprego”, declarou.
Questionado se poderia tomar alguma atitude, como um pedido de responsabilização do líder do Governo frente às acusações feitas na última sessão ordinária na ALE, o presidente informou apenas que “as medidas já foram tomadas” e que a Comissão de Ética da Casa deverá se posicionar a respeito.
APOIO – Frente às acusações de que a Assembleia estaria, de alguma forma, limitando a atuação do Governo do Estado, o presidente da Casa ressaltou que o Poder Legislativo não faltou com apoio ao Poder Executivo.
“Primeiro, nós conseguimos repetir o orçamento no ano que o Governo fez a intervenção federal em Roraima e congelamos o orçamento em 2019. Nenhum poder teve acréscimo referente ao percentual de lei. Nós abrimos mão de tudo isso”, defendeu o presidente.
Além disso, o parlamentar também aproveitou para ressaltar que uma briga entre os poderes é desnecessária. “A briga não pode ser comigo, tem que ser em favor da população. Para o homem do campo que está vendendo sua terra barata para os grandes produtores, que colocam uma máquina no lugar e deixa o homem morrer de fome. O que eu falo, são vozes da população. Algo que o povo apela”, frisou.
Audiências públicas vão discutir orçamento, diz Jalser
O presidente da Casa reiterou que a Assembleia deverá realizar audiências públicas para ouvir a população sobre o orçamento do Estado e onde o dinheiro poderá ser melhor utilizado, uma proposta que inclusive havia sido encabeçada pelo vice-presidente da Casa e relator do orçamento, deputado Jânio Xingu (PSB).
“Nós vamos discutir a peça orçamentária com lupa. Nós fizemos a nossa parte e agora nós precisamos apresentar as nossas atitudes. E quero que essa peça seja discutida com a sociedade. Nós vamos ampliar esse trabalho”, afirmou Renier.
Um ponto que deverá ser levado em consideração pelos parlamentares é a realização de contratos comerciais pelo Governo, informou o presidente. O motivo, segundo Jalser, é que um processo licitatório normal custa muito menos dos que os de emergência.
“O Estado não está mais no começo de gestão. Teve um ano para se preparar através da Secretaria de Planejamento (Seplan) e da Comissão de Licitação (CPL), para que os processos possam ser conduzidos e não tenham tanto impacto para a população”, finalizou. (P.C.)