A junta médica oficial da Procuradoria-Geral da República (PGR), indicada pelo Ministério Público Federal (MPF) para avaliar o quadro de saúde do ex-governador Neudo Campos, concluiu que não existem evidências de irregularidades na indicação de internação e exames complementares realizados ou na condução clínica do caso do ex-governador.
A avaliação da junta médica ocorreu no dia 7 de junho e o resultado, assinado pelos médicos Dilma Lúcia Lopes de Albuquerque, Aderito Guedes da Cruz Filho e Tereza Calheiros Oliveira, saiu no dia seguinte, mas ainda não foi divulgado de forma oficial pelo MPF. A Folha teve acesso exclusivo ao parecer dos médicos, que vieram de Brasília para avaliar o quadro clínico de Campos.
No parecer, eles esclarecem que não foram encontradas evidências de cardiopatia isquêmica aguda, apesar de o periciado ser portador de hipertensão arterial e dislipidemia (distúrbio nos níveis de lipídios e/ou lipoproteínas no sangue). Também não encontraram evidências de condições psiquiátricas, com risco iminente de suicídio, mas afirmaram ser “necessário garantir adequado acompanhamento de médico psiquiatra. Apesar do baixo risco de gestos suicidas, a vigilância deve ser mantida”, diz o laudo.
Os médicos afirmaram ainda ser justificado o tratamento inicial medicamentoso por via intravenosa da infecção bacteriana na pele, tratamento que pode ser complementado por via oral. Por fim, concluíram que todos os tratamentos podem ser feitos fora do ambiente hospitalar.
Neudo Campos, 70 anos, sofreu condenação com recursos pendentes de julgamento nos tribunais superiores e está em um dos leitos do Hospital Lotty Íris, conveniado ao Sistema Único de Saúde (SUS) em Roraima. O ex-governador é hipertenso, está em tratamento de depressão, câncer e recuperando-se de uma cirurgia na coluna vertebral, realizada recentemente no Hospital Sarah Kubitschek, em Brasília.
DEFESA – A defesa do ex-governador Neudo Campos informou para a Folha que não vai se manifestar sobre o resultado do laudo pericial, pois não tomou conhecimento oficial a respeito do assunto. “Nós ainda não tivemos acesso, na íntegra, ao resultado do laudo e falaremos quando esse acesso for liberado”, explicou o advogado Marcelo Campos.