Já ouviu falar nas cachoeiras da Boca da Mata, nas cascatas da Esmeralda ou na aventura que é conhecer a Comunidade Indígena Kauwê? Se a resposta for não, você precisa atualizar urgentemente seu passaporte turístico de Roraima (dá para consegui-lo no Departamento de Turismo do Estado). Agências têm apostado em lugares pouco conhecidos no Estado – mas com potencial turístico enorme – e conseguido atrair público.
Os lugares convencionais e nacionalmente conhecidos, como a Serra do Tepequém, Monte Roraima, Serra Grande e Parque Nacional do Viruá, não deixam de ser ótimas opções para quem deseja explorar a natureza e ter momentos de descanso. Contudo, a ideia desta reportagem é trazer outras opções de roteiros rápidos e com belezas naturais exuberantes. Nesta sexta-feira (1º), celebra-se o Dia Nacional do Turismo Ecológico.
“Nosso Estado tem belezas naturais e um grande potencial para ser explorado, a partir de um diálogo entre as instituições públicas. Investir no turismo é também garantir a geração de emprego e renda, movimentando a economia de Roraima. O Poder Legislativo está comprometido com essa área tão importante”, declarou o presidente da Assembleia Legislativa de Roraima (ALE-RR), deputado Soldado Sampaio (Republicanos).
A Casa tem comissão permanente voltada para o turismo, presidida atualmente pelo deputado Gabriel Picanço (Republicanos). Além disso, há leis sancionadas pelo Executivo Estadual, como a que cria a Zona Franca de Turismo, de autoria da deputada Aurelina Medeiros (Progressistas), que busca explorar os potenciais dos municípios do Estado; e a que trata da profissão de turismólogo.
Ainda em 2023, o deputado Lucas Souza (PL) conduziu uma audiência pública sobre os potenciais do turismo em Roraima. Já neste ano, a Casa aprovou o projeto de lei do deputado Marcos Jorge que institui a política de turismo.
“Quando apresentamos esse projeto, é para que tenhamos diretrizes e um direcionamento do governo quanto ao turismo que é importante para o desenvolvimento do Estado. Hoje temos mais de 20 rotas do etnoturismo estruturadas, temos um avanço feito através do governo, portanto, de forma alinhada com o Executivo e a sociedade civil, aprovamos essa proposta e estamos aguardando a sanção”, disse Marcos Jorge.
Rotas alternativas
Antes de tudo, é preciso entender o que é o turismo ecológico. Ele pode ser entendido como as atividades turísticas que buscam o equilíbrio entre o homem e a natureza. Isto é, nós usufruirmos do que o meio ambiente tem, sem prejudicá-lo. Por exemplo, recolher todo o lixo depois do lazer, não derrubar árvores para montar acampamento, não poluir os rios, e contribuir para uma educação ambiental.
Para nos auxiliar na escolha de cinco lugares exuberantes e que prometem uma experiência inesquecível, chamamos o guia turístico Geuner Carvalho, da Irapuã Expedições. Ele mencionou rotas que têm potencial para se desenvolver nos próximos anos: as Comunidades Indígenas Kauwê e Boca da Mata, e as Cachoeiras Esmeralda, Davi e Evandro, na região entre Campos Novos e Apiaú, em Mucajaí.
Comunidade Kauwê
“A Comunidade Kauwê tem uma plantação do Café Imeru, que tem um plano de visitação. É um dos lugares que mais têm potencial turístico para alavancar, por causa das belezas naturais e pelo acesso restrito, já que nem todos podem entrar na comunidade indígena, e os locais estão preservados”, avaliou Geuner.
A Comunidade Kauwê se tornou um documentário produzido pela TV Assembleia. Os jornalistas Willians Dias e Priscila Araújo foram até a região para conhecer as atividades econômicas e turísticas. A produção audiovisual está disponível no canal da Casa no YouTube. Para assistir, clique aqui.
Boca da Mata
Segundo Geuner, a Comunidade Boca da Mata também tem cachoeiras exuberantes, como a Ingapirá, com águas cristalinas que prometem relaxar qualquer corpo cansado. Serras com trilhas e banhos cercados por buritizais estão na lista do que você pode aproveitar na localidade indígena. E um ponto importante: todos são alertados sobre a preservação ambiental, como menciona Carvalho.
“Antes de levarmos nossos clientes, repassamos todo o checklist do que ele pode levar, do que não pode, do que não deve ser deixado no local. Nossa principal preocupação é manter esses espaços preservados para outras pessoas que vão usufruir. Nem o lixo deixamos na lixeira. Trazemos de volta, porque temos como escoar o lixo, eles [os indígenas] não”, enfatizou Geuner.
Esmeralda, Davi e Evandro
O profissional também mencionou que três cachoeiras entram na lista dessas rotas alternativas: Esmeralda, Davi e Evandro. A última, por exemplo, garante uma vista espetacular de cima da serra, enquanto é possível refrescar os pés na água fria. A cachoeira do Davi permite viver a experiência de nadar entre enormes pedras, enquanto Esmeralda tem sombra e água fresca.
“Quem trabalha mais com o turismo, principalmente nessa época de estiagem, conhece essas três cachoeiras. Mesmo com a seca, elas permanecem com um volume bom de água para fazer uma visita. Ou seja, é uma boa alternativa tanto no inverno quanto no verão, por não secar, e está perto de Boa Vista”, destacou Geuner.
O servidor público Fabrício Matias esteve no Complexo do Araponga e na Cachoeira Esmeralda. A possibilidade do contato com a natureza de maneira rápida foi um dos motivos para ele visitar a localidade. Foi num perfil do Instagram que Fabrício encontrou uma agência que fazia o roteiro “bate e volta”.
“Valeu muito a pena, porque eu não tinha muito tempo para ir a um lugar mais longe, por isso escolhi uma cidade mais perto. A experiência foi válida, porque estar em contato com a natureza me faz não pensar nas coisas do trabalho, me faz descansar. Mesmo a gente fazendo trilha, subindo a serra, vale a pena, porque canso fisicamente, mas mentalmente a gente descansa”, concluiu, ao acrescentar que pretende explorar outras regiões de Roraima.