Leonardo Rodrigues de Jesus, o Léo Índio, desligou-se do gabinete de Chico Rodrigues (DEM-RR) depois que o senador foi flagrado com dinheiro na cueca em uma ação da Polícia Federal, na quarta-feira (14).
Primo dos filhos do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), ele desempenhava a função de assessor parlamentar desde o ano passado. Segundo apurou o UOL, dois aspectos levaram Índio a abrir mão de um salário de R$ 23 mil mensais: constrangimento e pressão da família. O desligamento foi confirmado hoje pela assessoria do congressista.
O ex-assessor teria sido orientado por auxiliares de Bolsonaro a pedir exoneração e permanecer em silêncio, fora dos holofotes, para que sua imagem não fosse ainda mais atrelada ao escândalo do senador—de modo a prejudicar o presidente da República. Índio recebeu o mesmo conselho ao conversar por telefone com um dos filhos do presidente, o vereador carioca Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), a quem é muito ligado.
No Congresso, colegas relatam que, resignado, o ex-assessor teria dito ser o momento de “virar a página”.
Na avaliação de Bolsonaro, a atuação de Léo Índio como assessor de Rodrigues criava um “telhado de vidro”, segundo definiu um auxiliar do Palácio do Planalto. O afastamento não chegou a ser uma ordem direta do governante, e sim uma recomendação.
Ontem (15), reportagem do jornal “O Estado de S. Paulo” mostrou que Índio foi orientado por aliados de Bolsonaro a sair à francesa, dentro de uma estratégia para blindar Bolsonaro da repercussão no caso.
Figura pública
Léo Índio ele é filho de uma irmã de Rogéria Nantes, primeira mulher do presidente. Morou um período com o primo Carlos Bolsonaro e atuou como assessor informal dele na Câmara Municipal do Rio até ser alocado no gabinete de Rodrigues.
Tornou-se tornou uma figura pública após a vitória de Jair Bolsonaro em 2018 devido às redes sociais. Ele costumava aparecer constantemente em fotos ao lado de Carlos.
Com a ascensão de Bolsonaro à Presidência, Léo Índio passou a frequentar os corredores do Palácio do Planalto, ainda que não tivesse um cargo.
Somente nos primeiros 45 dias de mandato do presidente, ele esteve no Planalto 45 vezes. Além disso, chegou a viajar na comitiva oficial que se deslocou a Brumadinho, em Minas Gerais, à época da tragédia do rompimento da barragem da mina Córrego do Feijão (janeiro de 2019).
Em 2019, depois de questionamentos a respeito de sua função no governo, Léo Índio foi nomeado para o gabinete de Rodrigues.
“Pertenço à família do presidente, como já foi veiculado algumas vezes pela imprensa, razão pela qual constantemente suporto julgamentos e diversos tipos de ataque, e farei questão de trabalhar para mostrar o quão injustos são”, escreveu à época.
Fonte: UOL Notícias