Líder de bancada diz que Saúde deveria ser profissionalizada

O deputado estadual e médico Hiran Gonçalves (PP), líder da bancada roraimense em Brasília, e presidente da Frente Parlamentar Mista de Saúde integrada por deputados e senadores, disse em entrevista para a Folha de Boa Vista sexta-feira, 5, que as denúncias feitas pelo ex-secretário de saúde Ailton Wanderley são graves e precisam ser apuradas. 

“Solicitei aos órgãos de controle que fizessem um levantamento e que se identifiquem quem são os deputados estaduais, federais e senadores que têm prioridade em relação aos recursos liberados para a Saúde. É uma denúncia muito grave”, disse o parlamentar.

Para Hiran Gonçalves, a situação confirma seu posicionamento de que é preciso profissionalizar a Saúde pública em Roraima.

“Isso só vem a confirmar aquilo que eu tenho falado: a administração da Saúde no nosso Estado tem que ser profissional. Nós temos que utilizar uma organização social respeitada no País, e eu sempre tenho dado exemplo de que gostaria de ver a nossa Saúde gerenciada pela Fundação Pio 12, que gerencia o Hospital de Amor de Barretos e os ambulatórios de especialidades lá naquela área e cidades próximas”, destacou.

O deputado explicou que já chegou a conversar com o governador Antonio Denarium (PSL) em relação a essa questão durante um encontro com o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta.

“A Saúde tem que ter gestão profissional. Eu acho que, infelizmente, o governador está demorando a tomar essa iniciativa, que inclusive já discutimos, eu, ele e o ministro Mandetta. Esperamos que ele acate essa sugestão porque com uma organização social que tenha reconhecimento em termos de competência, eficiência e economicidade, aí sim eu acho que a nossa Saúde tende a melhorar. Espero que o governo tome o mais rápido possível iniciativa de profissionalizar a gestão”, concluiu.

TCE diz que faz controle externo na Sesau

O Tribunal de Contas do Estado (TCE) de Roraima explicou que tramitam na Corte processos de auditoria em diversas fases sobre a situação da Secretaria de Estado da Saúde (Sesau).

“Cumpre tornar público que, sendo que uma dessas auditorias está sendo realizada atualmente nas dependências da secretaria em questão, com o objetivo de analisar contratos, envolvendo todas as despesas realizadas, pagas ou a pagar, os processos licitatórios que respaldam tais contratos, além de eventuais contratações emergenciais, tanto de gestões anteriores quanto da atual”, explicou a presidente do TCE, Cilene Lago Salomão.

Segundo o TCE, em janeiro deste ano, a gestão da Sesau foi intimada pelo relator das contas, conselheiro Joaquim Neto, para apresentar a relação dos profissionais contratados, com discriminação dos plantões e valores devidos, bem como o gestor de empresa credenciada, para apresentar as folhas de pagamento daquele órgão. 

“Tal documentação já foi recebida no tribunal, estando no momento sob análise das unidades técnicas do Controle Externo, para posterior análise do relator. Portanto, o tribunal reafirma que continua empenhado em cumprir sua missão de exercer o controle externo da administração pública, fiscalizando e orientando a gestão dos recursos públicos em benefício da sociedade roraimense. O TCE esclarece que, ao longo dessa crise que o Estado atravessa, vem acompanhando e tomando as providências que se fazem necessárias ao cumprimento das leis por parte dos gestores, orientando, capacitando e punindo os que não cumprem a legislação.”

CRM afirma que só investiga denúncias éticas

A reportagem da Folha procurou o Conselho Regional de Medicina de Roraima (CRM-RR) pedindo um posicionamento sobre as afirmações feitas pelo ex-secretário de Saúde Ailton Wanderley.

“As denúncias devem ser investigadas pelos órgãos de controle. No que se refere às colocações quanto ao cumprimento da carga horário do trabalho médico, estas são de apuração e comprovação exclusiva dos contratantes, neste caso, o governo de Roraima. Cabe ao CRM apurar qualquer denúncia que receba quanto ao exercício ético da medicina.”

Ministério Público diz que monitora crise na Saúde pública

O Ministério Público de Roraima (MPRR) em resposta ao questionamento feito pela Folha de Boa Vista sobre o pronunciamento feito pelo ex-secretário Ailton Wanderlei, disse que monitora a questão da crise na rede pública de Saúde do Estado e já vem trabalhando para minimizar os efeitos negativos no atendimento à população roraimense. 

“No momento oportuno, o órgão ministerial anunciará medidas tomadas para resguardar o direito do cidadão à saúde e providências quanto às denúncias de irregularidades possivelmente praticadas nesse setor.”