A crise que Roraima enfrenta na saúde pública estadual com falta de medicamentos e materiais, paralisação de obras e mortes de pacientes tem feito com que a bancada federal se movimente em busca de melhorias para o setor.
A falta de qualidade do serviço nas unidades hospitalares do Estado foi discutida junto ao ministro da Saúde, Henrique Mandetta, pelo líder da bancada federal, deputado Hiran Gonçalves (PP) que pediu a criação de uma força-tarefa do Governo Federal para gerenciar a crise no setor.
O pedido do parlamentar aconteceu durante audiência na Comissão Mista de Orçamento onde foi apresentado relatório quadrimestral de prestação de contas do gestor federal do Serviço Único de Saúde (SUS), que contou com a presença de Mandetta.
Segundo Hiran, a força-tarefa serviria para organizar e ajudar no gerenciamento da situação, além da realização de um levantamento de todos os problemas na parte da administração. O parlamentar ressaltou que o atual governo não teria competência para gerenciar a crise no setor.
“O governo do Estado tem sido, na área da saúde, incompetente para gerenciar isso. E, embora eu ajude o governo estadual, não vejo nenhuma manifestação ou movimentação do governo no sentido de fazer algo que seja comprometido com nossa gente, para diminuir o sofrimento das pessoas”, afirmou.
OBRAS PARADAS – Outros pontos citados pelo parlamentar ao ministro da Saúde foram a paralisação das obras da unidade de radioterapia no Estado e ampliação do grande trauma do Hospital Geral de Roraima (HGR).
No caso da unidade de Radioterapia, a obra estava sendo executada pelo Ministério da Saúde e deveria ser inaugurada em julho deste ano, porém, de acordo com o novo calendário, a inauguração só ocorrerá em fevereiro de 2020.
Gonçalves também questionou o envio de recursos de Média e Alta Complexidades (MAC) para o Estado, em dezembro do ano passado. “São R$ 8 milhões na conta da saúde do Estado sem executar nada, em um ambiente de absoluta desorganização”, reclamou.
Por fim, salientou os dados de mortalidade de crianças na Maternidade Nossa Senhora de Nazaré e a necessidade de profissionalizar a saúde do estado. “A ideia é colocar lá uma organização social de renome nacional, recomendada pelo ministro Mandetta, que conhece muito bem saúde nesse país, para gerenciar o setor da saúde e dar um fim à crise que tantos problemas traz para à população”, declarou.
Em resposta às declarações, o ministro Mandetta disse ter conhecido de perto o problema da saúde vivenciado em Roraima, mas descartou a possibilidade de intervenção federal na saúde.
Mandetta lembrou as visitas feitas ao Estado, onde conversou com o governador Antonio Denarium (PSL) e os dois primeiros secretários de Saúde.
“O que o Ministério da Saúde coloca é o apoio para que se possa fazer uma boa gestão naquele Estado. Eu posso fazer consultorias e auditorias, mas não posso falar, e nem é o caso de se falar, em intervenção na saúde do Estado”, afirmou.
Com relação ao atraso da obra da unidade de Radioterapia, o ministro informou que a falha no projeto executivo ocorreu em nove localidades diferentes e que o Ministério está atuando para corrigir os erros estruturais dos projetos.
Governo alega que problemas são provocados por migração
A administração estadual informou que não iria comentar as declarações do parlamentar, mas citou o impacto da questão migratória no número de atendimentos realizados pelas unidades de saúde como um dos motivadores dos problemas enfrentados pelo setor. Também se referiu às críticas, porém, sem citar nomes específicos.
“Roraima está diante de uma crise migratória sem precedentes, mas que, para alguns poucos, parece ter acabado. Essas mesmas pessoas jogam pedras ou se fazem de desentendidas. Só nestes últimos quatro meses, já foram realizados mais de 15 mil atendimentos a imigrantes venezuelanos. Em 2018, foram pouco mais de 48 mil”, diz trecho de nota encaminhada pela Secretaria Estadual de Comunicação.
O Governo também destacou as atividades realizadas nos últimos seis meses de gestão, a previsão de entrega de obras e aquisição de medicamentos, materiais e veículos para transporte de pacientes. “Foi finalizada uma licitação de medicamentos e insumos, com valores justos e dentro da realidade de mercado. A partir da próxima semana, os estoques devem começar a ser reabastecidos, possibilitando também a retomada das cirurgias eletivas”, frisou o poder executivo. (P.C.)