O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) prometeu nesta segunda-feira (13) analisar novas demarcações territoriais indígenas. A declaração foi feita durante a Assembleia Geral dos Povos Indígenas de Roraima, na Terra Raposa Serra do Sol, no Norte do Estado.
Lula disse ter solicitado a lista de todas as terras com estudos prontos para as medidas. “Precisamos demarcá-las antes que as pessoas inventem escrituras e documentos falsos e digam que são donos das terras”, declarou.
Segundo ele, o governo federal está preocupado em proteger o clima do planeta Terra. “Se não cuidarmos do clima, a humanidade vai desparecer por irresponsabilidade”, explicou ele, que prometeu conversar com líderes latino-americanos para discutir o cuidado à floresta amazônica. “Vamos cuidar da Amazônia”.
O presidente iniciou o discurso de outra perspectiva, ao dizer que 86% dos brasileiros ocupam terras que, em 1500, quando os portugueses chegaram à América do Sul, pertenciam aos povos indígenas. “Os indígenas não estão ocupando terra de ninguém, estão brigando por aquilo que era todo seu e os invasores, desde 1500, vem tentando tirar o que é de vocês”, afirmou.
Três territórios em Roraima
Segundo a presidente da Funai (Fundação Nacional dos Povos Indígenas), Joenia Wapichana, existem pedidos de demarcação de três terras indígenas em Roraima, e que o órgão indigenista irá analisá-los. “A Funai [vai atuar] nas ações judiciais para representar os povos indígenas, para defender os seus direitos”, discursou.
A equipe presidencial, no entanto, não falou com a imprensa ao final do evento para detalhar as medidas. Lula explicou que teria que voltar imediatamente a Brasília em seguida.
Outras medidas
No evento, o presidente prometeu conversar com a equipe interministerial para contemplar os indígenas que se dedicam à produção agrícola com incentivo financeiro, pediu ao ministro das Comunicações, Paulo Pimenta, a instalação de uma rádio comunitária na Terra Raposa Serra do Sol, e disse que a equipe governamental vai visitar todas as comunidades da Terra Yanomami, que ainda sofre com a crise humanitária.
Para o território yanomami, Lula prometeu verificar a possibilidade de instalar postos de saúde em cada aldeia e a fazer a distribuição de medicamentos gratuitos.
Ele ainda prometeu criar o Conselho Nacional dos Povos Indígenas para auxiliar o governo federal na tomada de decisões sobre o público e construir mais institutos federais de ciência e tecnologia e universidades, incluindo em terras indígenas.
Lula ainda prometeu analisar a carta de reivindicações recebida na assembleia geral, entregue simbolicamente por uma criança indígena. “Se a gente não puder atender 100%, poderemos atender 90%, 95% ou até um pouco mais”, disse.
Comitiva presidencial
A comitiva veio ao Estado para participar da quinquagésima segunda edição do evento, cujo tema é “Proteção Territorial, Meio Ambiente e Sustentabilidade”. Lula veio acompanhado da primeira-dama Janja Lula da Silva, dos ministros José Múcio (Defesa), Márcio Macedo (Secretaria-Geral da Presidência), Paulo Pimenta (Comunicações), Sônia Guajajara (Povos Indígenas) e Nísia Trindade (Saúde), da presidente da Funai (Fundação Nacional dos Povos Indígenas), Joenia Wapichana, e do secretário nacional especial de Saúde Indígena, Weibe Tapeba.
O grupo foi dividido em dois helicópteros ao território indígena, onde desembarcou às 11h13. A equipe foi recebida pelos prefeitos Arthur Henrique (Boa Vista) e Wenston Raposo (Normandia).
Em seguida, a comitiva, acompanhada pelo ativista yanomami Davi Kopenawa, foi recepcionada por crianças indígenas que cantaram uma música que referenciava o nome do presidente, seguido por organizações e produtores indígenas do Estado. Por fim, o grupo presidencial se dirigiu ao centro regional do lago Caracaranã para os discursos na assembleia. Eles deixaram o evento por volta das 13h30.
Veto
O governador de Roraima, Antonio Denarium (Progressistas), foi vetado no evento, segundo a organização da assembleia, que cedeu ao menos a presença do prefeito da capital do Estado. No entanto, Denarium recebeu o presidente na Base Aérea de Boa Vista.
Susto
Uma hora antes da comitiva presidencial chegar ao local, uma rápida ventania abalou a estrutura do evento às margens do lago Caracaranã, na Terra Indígena Raposa Serra do Sol, em Normandia, Norte do Estado. Uma das colunas de ferro chegou a “pular”, e precisou ser reforçada.
Quem estava presente na assembleia deixou a tenda. Apesar do ocorrido, a organização pediu calma aos participantes, mas parte do público preferiu se abrigar debaixo de árvores próximas até que o problema fosse resolvido.
Recepção
O presidente foi recepcionado pelo governador Antonio Denarium, que o entregou um exemplar de uma revista produzida pelo Governo do Estado onde estão detalhadas as ações realizadas em prol dos povos indígenas.
*Por Lucas Luckezie