A relação de comércio entre o Brasil e a Venezuela gerou alvo de críticas da embaixadora da Venezuela no Brasil, Maria Teresa Belandria. A avaliação é que o envio de mercadorias abastece o garimpo ilegal de minérios na região.
Em entrevista ao programa Agenda da Semana na Rádio Folha 100.3 FM neste domingo, 02, a embaixadora ressalta que a gestão de Juan Guiadó é reconhecida pelo presidente do Brasil, Jair Bolsonaro (sem partido). No entanto, o comércio com a administração de Nicolás Maduro ainda é mantido.
Teresa explica que o comércio entre os países vem preocupando o governo de Guiadó frente ao papel que o Brasil tem desempenhado no fornecimento de mercadorias além da fronteira. A avaliação é que o governo de Guiadó acredita que o Brasil poderia ter um comércio mais seletivo.
“Desde o ano passado, quando visitei Roraima pela primeira vez, nós iniciamos a avaliação do comércio entre os países. Vimos que carretas carregadas saem todos os dias de Pacaraima em direção à Venezuela. A Embaixada começou a investigar e se aprofundar sobre o que estava acontecendo”, afirma a embaixadora.
Teresa explica que o conteúdo das carretas é formado basicamente por comida, como arroz, feijão, açúcar e leite, ou seja, itens da cesta básica. Segundo a embaixadora, os alimentos vão direto para as áreas de garimpo.
“Vai direto para as minas. Essa comida não vai para o resto da Venezuela. O que mais preocupa para nós é que toda a exploração do minério é ilegal. A Assembleia Nacional da Venezuela, único poder legítimo reconhecido na Venezuela, tem um decreto dizendo que todo ouro retirado das minas é um material ilegal, não autorizado pelo governo legítimo da Venezuela, que é de Juan Guiadó”, declarou.
A embaixadora alertou ainda os possíveis comerciantes brasileiros que fazem acordos com donos de garimpo na Venezuela para entrega de alimentos. “Quem recebe dinheiro dos donos dos garimpos para fazer entrega de alimentos, está recebendo um dinheiro que não é limpo”, completou.
RELAÇÕES – A Folha entrou em contato com o Ministério das Relações Exteriores do Brasil sobre as relações entre os dois países, porém, não obteve retorno até o fechamento da matéria.