Política

MPF pede explicações sobre acordo firmado entre Suely e Maduro

O órgão questiona a existência de formalização de acordo, bem como se a União foi comunicada sobre a medida

O Ministério Público Federal (MPF) pediu explicações a governadora de Roraima, Suely Campos (PP), sobre o suposto acordo firmado por ela com o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, para repatriamento de imigrantes. Na quinta-feira, 20, ela viajou até Caracas para discutir os problemas relacionados a imigração em massa e crise energética que vem afetando o Estado. 

No ofício endereçado a Suely, Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão (PFDC) questiona a existência de formalização de acordo, bem como se a União foi comunicada sobre a medida, visto que a crise humanitária na Venezuela é reconhecida por meio de decreto federal (Decreto 9.285/18).

A PFDC também pede para que o Governo do Estado explique como pretende realizar a ação de repatriamento, quem é o público-alvo da ação, quais serão os mecanismos que serão utilizados e se isso não prejudicará os cidadãos do país vizinho que buscam refúgio no Brasil.

“Além do pedido de esclarecimentos ao governo de Roraima, a PFDC também encaminhou à Casa Civil ofício no qual questiona se o órgão, responsável pela política nacional na área, tem ciência do suposto acordo e de seus termos”, completou o MPF, em nota.

Assinado na sexta-feira, 21, o documento dá prazo de três dias para que o Governo se explique sobre o acordo.

O ACORDO – Na quinta-feira, 20, Suely Campos, acompanhada de comitiva, foi até Caracas para dialogar com Nicolás Maduro. Os dois assuntos da pauta da reunião foram a imigração em massa de venezuelanos e as negociações sobre a dívida do Governo brasileiro com a estatal responsável por fornecer energia elétrica para Roraima.

Sobre a primeira pauta, ambos chegaram a um acordo de criação de programa de repatriamento de imigrantes para a Venezuela. O Governo roraimense já teria, inclusive, uma lista com cerca de 100 voluntários interessados em regressa para o país vizinho e que o processo seria supervisionado pelo consulado venezuelano.

Já em relação a energia, Maduro teria dado garantias de que não suspenderia o fornecimento de forma definitiva e que ambos os governos trabalhariam em conjunto para garantir a manutenção do Linhão de Guri, responsável por trazer a energia para Roraima.

Diante dos questionamentos do MPF, a reportagem entrou em contato com o Governo de Roraima e aguarda resposta.