O Ministério da Saúde (MS) passará pela terceira gestão em menos de um mês, com o anúncio do pedido da demissão do ex-ministro Nelson Teich nesta sexta-feira, 15. A avaliação é que o novo gestor precisará de união entre a esfera federal, estadual e municipal.
A análise é do presidente da Frente Parlamentar de Medicina (FPMed), deputado federal Hiran Gonçalves (Progressistas). À Folha, o deputado explica que as constantes mudanças são negativas, em especial, por conta da pandemia do novo coronavírus e os casos confirmados e óbitos no país.
“É muito ruim assim, com essa saída de um ministro da Saúde em uma crise sanitária dessa magnitude. Os estados precisam de uma gestão sintonizada e compactuada nas três esferas: federal, estados e municípios”, relatou.
No momento, ainda não se sabe quem responderá pela pasta, estando definido apenas que o secretário-executivo do MS, General Eduardo Pazuello, irá responder interinamente pelo cargo. A espera, segundo Gonçalves, é que o novo gestor seja um conhecedor da matéria e que toque o Ministério com eficiência.
“A nossa situação é delicada, mas o parlamento está atuando pelo país. A bancada de Roraima demonstra o seu apoio. O momento agora é de ter tranquilidade e união para que as coisas continuem impulsionando. Temos técnicos muito comprometidos no Ministério, que continuam tocando a máquina. No Ministério da Saúde existe um compromisso com a ciência e com o país”, acrescentou o deputado.
Gota d’água foi definição de protocolo de atendimento para covid, diz Hiran
Para Gonçalves, o ex-ministro Nelson Teich tinha uma boa relação com os parlamentares, porém, houve um impasse com relação ao protocolo de atendimento para pacientes infectados com covid no Sistema Único de Saúde (SUS).
“A categoria dos médicos tem o princípio de não causar danos e isso, de certa forma, influenciou nessa questão que foi a gota d’água da relação do ex-ministro com o presidente Jair Bolsonaro. Que foi a questão de criar um protocolo para ser utilizado no SUS com esse esquema de tratamento da cloroquina com azitromicina”, explica.
Segundo o deputado, o Conselho Federal de Medicina já havia se pronunciado sobre o assunto, com a recomendação por meio de uma nota técnica sobre a utilização da hidroxicloroquina. As condições recomendadas davam ao médico o poder discricionário de decidir sobre a questão a partir da sua experiência clínica, para indicar ou não o tratamento com hidroxicloroquina, com consentimento do paciente.
“O ministro [até então, Teich] não se sentiu seguro para apresentar esse tratamento como indicado pelo SUS. Parece que o nosso ministro não tinha ninguém da confiança dele e isso foi dando uma sensação de isolamento. A questão da cloroquina foi apenas a gota d’água”, declarou Gonçalves.
FPMEd – A Frente Parlamentar Mista da Medicina (FPMed) tem como presidente o deputado Hiran Gonçalves (Progressistas). O deputado Luciano Ducci (PSB/PR) foi eleito 1º vice-presidente; a senadora Mara Gabrilli (PSDB/SP) é a 2ª vice-presidente e o deputado Mário Heringer (PDT/MG) assumiu o posto de 3º vice-presidente. O secretário geral da Frente é o deputado Alexandre Serfiotis (PSD/RJ). Para os cargos de secretário adjunto, tesoureiro e tesoureiro adjunto, foram eleitos o deputado Dr. Luiz Antônio Teixeira Jr. (PP/RJ), o senador Nelsinho Trad Filho (PSD/MS) e a deputada Drª. Soraya Manato (PSL/ES). (P.C.)