A mudança na gestão da Divisão Especial de Combate à Corrupção em Roraima (Decor) demonstra um agravamento na crise existente na Polícia Civil Estadual. Enquanto uns avaliam as alterações como rotineiras, a análise dos servidores da categoria é de que medida atesta possível perseguição e omissão por parte do Governo do Estado.
A avaliação é do presidente do Sindicato dos Policiais Civis (Sindpol), Leandro Almeida. Para o sindicalista as remoções e instauração de procedimentos administrativos representam “uma clara manifestação de perseguição”.
“Nenhum desses atos traz fundamentação idônea, pois visam tão somente saciar a ‘sede de vingança’ daqueles que ora ocupam função de confiança no Governo”, completou Almeida.
O presidente do Sindpol informou ainda que todos os atos de mudança de gestão da Decor serão contestados na via adequada e em momento oportuno. Leandro efetuou críticas ao governador Antonio Denarium (PSL) em relação às recentes medidas, classificando as alterações na Divisão como “provocações” por parte da gestão da Polícia Civil.
“Chega a ser incompreensível, entretanto, a omissão do Governador. Estamos sendo provocados. Gestores da Polícia Civil, alguns, utilizam inclusive as redes sociais. Todo mundo vê. Tememos que estas provocações culminem em uma tragédia e já disse isso diretamente ao governador”, finalizou Almeida.
ADEPOL – Por sua vez, o presidente da Associação dos Delegados da Polícia Civil em Roraima (Adepol-RR), Cristiano Camapum, classificou a situação como parte da rotina da gestão pública.
“A relotação de servidores, a princípio, é coisa rotineira e necessária para a administração. Não vemos problemas nisso. O servidor que se sente eventualmente prejudicado pode ingressar com recurso administrativo, visando a revisão do ato. Isso tudo é natural no direito administrativo”, afirmou.
O presidente da Adepol ressaltou ainda que desconhecia, até o momento, do ingresso de recurso por parte de qualquer delegado contra as recentes ações na Polícia Civil. “Caso aconteça eventual recurso de delegado associado, como entidade do associado, acompanharemos os resultados da decisão administrativa”, completou.
Delegado-Geral anuncia novos membros de força-tarefa contra corrupção
Os novos integrantes da Divisão de Combate à Corrupção (Fotos: Secom)
Após a repercussão das mudanças da Decor, o delegado-geral Hebert Amorim se reuniu na manhã de ontem, 15, com o titular da Secretaria de Segurança Pública (Sesp), coronel Olivan Júnior. Na ocasião, o chefe da Polícia Civil apresentou os novos gestores da Divisão e anunciou os novos membros da força-tarefa contra corrupção.
Além do já anunciado delegado Juseilton Costa, como chefe da Decor, Amorim também informou que os delegados Wesley Costa e Volmir Hoffman também farão parte da força-tarefa contra corrupção. Segundo Amorim, a força-tarefa atuará integrada com a Delegacia de Repressão aos Crimes contra a Administração Pública (DRCAP), Decor e Núcleo de Inteligência, tendo como foco os trabalhos de combate à corrupção, crime organizado, tráfico de drogas e roubo de veículos, tanto na Capital quanto no interior do estado.
“O crime de corrupção tem migrado para os municípios de Roraima e é preciso fazer frente e combatê-lo. Estamos montando essa frente para a execução das ações a serem implementadas. Conforme a necessidade, as equipes atuarão de forma integrada com outras forças de segurança e com as unidades policiais da Capital e do interior. O secretário de Segurança Pública aprovou as ações e estará nos apoiando neste trabalho”, afimou.
O delegado-geral ressaltou ainda que a delegada Darlinda Moura, ex-chefe da Decor, continuará atuando em parceria com a Divisão por conta dos inquéritos já instaurados. “A delegada Darlinda, por opção pessoal, vai continuar coordenando o Núcleo de Inteligência e, paralelamente, estará reforçando os trabalhos da Decor, vez que ela está presidindo vários inquéritos instaurados na Divisão. Então, a nossa meta é fortalecer a Decor, sem prejuízo das investigações em andamento na unidade”, acrescentou.
ENTENDA O CASO – A Divisão de Combate à Corrupção foi instaurada em setembro do ano passado a partir de uma recomendação do Ministério da Justiça, com a previsão de que desvios de conduta de servidores públicos fossem investigados, independentemente do nível de maior ou menor influência. (P.C.)