Política

Novo presidente diz que quer restabelecer a independência

Escolhido ao contrariar a maioria das apostas, o novo presidente da Câmara de Vereadores de Boa Vista, Edilberto Veras (PP), afirmou que a eleição dele foi um aviso de que a população clama por uma gestão descentralizada e mais participativa. Após um ano em que a Casa disse “amém” a praticamente todas as propostas de iniciativa da Prefeitura de Boa Vista, ele afirmou que pretende buscar a equiparação entre os poderes Legislativo e Executivo, para que um não se sobreponha sobre o outro, de modo que os vereadores tenham autonomia para discutir sobre os projetos importantes para a população.
Na manhã deste domingo, dia 21, em entrevista ao programa Agenda da Semana, da Rádio Folha 1020, ao exemplificar o modelo de gestão que pretende implantar, o vereador lembrou o emblemático caso do aumento da carga horária dos servidores municipais, sem aumento proporcional dos salários, momento em que a Câmara aprovou o projeto do poder Executivo praticamente sem discussões. Ele afirmou que foi o relator do projeto e que trabalhou exaustivamente para que o plano não fosse aprovado, mas foi voto vencido na Casa.
Veras criticou a forma como vem sendo anunciada a decisão da Prefeitura de Boa Vista em voltar atrás e reduzir a carga horária dos servidores. Segundo ele, a Administração Municipal tem anunciado a medida como um abono aos servidores, quando na verdade, ela atende a uma decisão do STF (Supremo Tribunal Federal), que em outubro deste ano, decidiu que os servidores públicos não podem ter aumento na carga horária sem elevação salarial correspondente. “Isso não é uma benesse, um presente de Natal da Prefeitura como vem sendo anunciado. A medida é fruto de uma decisão do STF e que abre margem para que os servidores busquem na Justiça o pagamento retroativo desses meses em que os servidores trabalharam a mais”, alertou.
PCCR – O vereador falou ainda sobre a votação do PCCR dos servidores municipais, e afirmou que provavelmente não haverá tempo hábil para que ele seja votado neste ano. Isso porque o novo presidente da Casa afirmou que pretende fazer o que a prefeita, Teresa Surita, não fez: discutir o plano com a categoria, a fim de encontrar um plano razoavelmente satisfatório tanto para os servidores quanto para a administração pública. “Vamos realizar uma discussão ampla para que se chegue a um denominador comum”, garantiu.
Ele criticou ainda a contratação da Fundação Getúlio Vargas para a elaboração do plano, sob o investimento milionário. “Agora virou moda na Prefeitura, tudo o que vem para a nossa cidade é contratado com empresas de fora, como foi o caso do fardamento, como se aqui não houvesse pessoas capacitadas”, criticou.
O parlamentar criticou ainda o endividamento do Município, que com aval da Câmara, contraiu empréstimos de mais de R$60 milhões para o chamado Plano de Mobilidade Urbana, que segundo ele, até o momento, não mostrou a real finalidade, uma vez que nenhuma das obras anunciadas foi iniciada. O plano prevê a construção de 750 abrigos de ônibus simples, 100 climatizados, implantação de calçadas, ciclovias, dentre outras obras urbanas. (Y.L)