O presidente da Fundação Lauro Campos, do PSOL, Francisvaldo Mendes, visitou Roraima esta semana e conversou em entrevista exclusiva para a Folha sobre o lançamento do Observatório da Democracia em Roraima. Trata-se de uma ideia das fundações do PSOL, PDT, PT, PCdoB e PSB para monitorar e analisar o governo Bolsonaro com o objetivo de garantir um suporte político, estudos, dossiês, elaborações que ajudem na defesa da democracia e na construção de um Estado democrático e soberano.
A ideia é que o observatório seja lançado em Roraima ainda no primeiro semestre, segundo Mendes, que visitou a Redação da Folha acompanhado de Luís Oca, representante do PSOL em Roraima.
“Viemos organizar o partido no Estado para ter mais fôlego no sentido de enfrentar a situação política hoje existente no Brasil. Paralelo a isso, vamos organizar aqui o Observatório da Democracia, em que seis partidos nacionais estão engajados , sendo eles o PT, PC do B, PDT, PSB, Pros, para poder fazer uma plataforma de observação do governo Bolsonaro”.
Segundo Mendes, o governo toma atitudes diariamente e é preciso verificar se elas respeitam a Constituição de 1988.
“Então, o objetivo é que a gente consiga construir uma aliança e que esse observatório atue em todos os Estados, inclusive Roraima” explicou.
Para os partidos que integram o observatório, o governo ainda está muito confuso do ponto de vista de aplicação de uma política pública.
“Tem três núcleos no governo: o núcleo político que é do Bolsonaro, do filho dele, que já está respondendo a várias denúncias envolvendo corrupção. Tem um grupo econômico que é do Paulo Guedes, que ele tenta fazer passar que o Estado tem que ser mais ágil para poder atender a população, só que objetivamente até agora não implementou nenhuma medida que ajude a participação popular, pelo contrário, tem falado muito de privatizações, inclusive do Banco do Brasil e da Caixa, e isso é ruim. E tem o núcleo mais policial, do Sérgio Moro, que é um núcleo em que o objetivo dele é simplesmente fiscalizar a vida das pessoas, o que também é ruim, pois eles têm que vigiar se a pessoa estiver envolvida em alguma corrupção, o que não acontece. Estamos com receio de que esse núcleo, que é o da Justiça, seja só para perseguir os movimentos sociais, os movimentos populares.
Para o presidente da Fundação, os movimentos sociais estão preparados para enfrentar o governo se houver endurecimento em relação às questões sociais, públicas e humanas.
“Os partidos de esquerda precisam fazer uma retomada do movimento, porque na verdade esse tempo todo do governo do PT deu uma cortada no movimento sindical que precisa se manter vivo nas próprias pernas e não apoiado no governo. Eu acho que agora nós estamos retomando o que é movimento social e vamos sobreviver independentes do governo e a partir daí vamos fazer o que for necessário fazer, pois não podemos deixar um governo acabar com o País.”
Francisvaldo Mendes acredita que o observatório da democracia vai ajudar a desenvolver um trabalho importante em Roraima.
“Vamos ajudar a população, principalmente a indígena, que na verdade é a que mais está sendo atacada nesse momento pelo governo, para que possa se restabelecer e fortalecer contra as atitudes governistas, contra esse povo que luta contra o povo indígena e o movimento social”, concluiu.