Roraima poderá contar com um Observatório Social, ferramenta que consiste no envolvimento da sociedade civil para ajudar os órgãos de controle a melhorar a aplicação de recursos públicos. A previsão é que a unidade seja implantada ainda no primeiro semestre de 2020.
A expectativa é do empresário Ermilio Paludo, um dos defensores da instalação do Observatório Social no Estado. O empreendedor afirma que o projeto é baseado em um modelo que já está sendo praticado em Maringá, no Paraná, e também pelo Observatório Social do Brasil (OSB), em Curitiba.
Segundo Paludo, na maioria dos casos, quando se vai apurar o fato de possível irregularidade e desvio de valores, já houve profundos impactos na sociedade, seja na saúde, educação, obras ou outras áreas. Portanto, o objetivo é agir preventivamente, ajudando os órgãos de controle a melhorar a sua gestão.
O funcionamento da unidade é similar ao de uma associação e atuação enquanto pessoa jurídica. O empresário explica que uma das funções dos membros do Observatório Social é acompanhar a aplicação de recursos. Portanto, um dos trabalhos é verificar a publicação de editais, o processo licitatório e comparar preços com os índices nacionais até a entrega do produto ou serviço.
Quando se percebe alguma irregularidade, o órgão aponta primeiro para o secretário encarregado, por escrito, comunicando que observou a possibilidade de desvio de recursos.
“Se o secretário tomar providências, o assunto se encerra aí. Se não, o comunicado vai para o governador ou prefeito, o gestor público. Aí ele vai para o Tribunal de Contas, e assim por diante. O Observatório não visa perseguir ninguém ou punir alguém”, declarou Paludo.
Outra atividade que também compete ao Observatório é sugerir medidas que possam melhorar a aplicação dos recursos, como a merenda e uniforme escolar, além de realizar prestação de contas sobre o seu trabalho a cada quatro meses; buscar a educação fiscal, demonstrando a importância social e econômica dos tributos e a necessidade do cidadão acompanhar a aplicação dos recursos públicos; inserir a micro e pequena empresa nos processos licitatórios e construir Indicadores da Gestão Pública, com base na execução orçamentária e nos indicadores sociais.
MOMENTO ATUAL – Segundo o empresário, o momento atual, de implementação do Observatório Social em Roraima, é de mobilizar possíveis membros e de promover capacitação daqueles já envolvidos.
“Estamos realizando a capacitação de pelo menos 20 pessoas. Nós temos a Associação dos Contadores que está ajudando muito. O Ministério Público Estadual, o Federal, o Tribunal de Contas, a Advocacia Geral da União também estão ajudando a fazer treinamento das pessoas, a capacitá-los”, explica.
Conforme Paludo, os membros já envolvidos também buscaram apoio dos órgãos de controle. “Todas as instituições estaduais e federais se colocaram à disposição e eles também vão fazer parte dessa entidade. É uma ferramenta que também auxilia os órgãos de controle, com objetivo de transformar a nossa cidade e Estado em um lugar melhor”, declarou.
Confira critérios para participar da ferramenta
Segundo ordenação do OBS, é preciso seguir algumas medidas para participar da ferramenta por se tratar de um movimento apolítico, ou seja, focado no apartidarismo; cidadania; comprometimento com a justiça social; atitude ética, técnica e proativa; ação preventiva; e visão de longo prazo.
“Não pode ter nenhuma vinculação política na diretoria, não pode estar filiado a nenhum partido político. É formado por funcionários públicos, da sociedade em geral. Servidores aposentados da Receita Federal vão poder contribuir com o seu conhecimento, por exemplo. Um engenheiro civil aposentado, vai poder auxiliar nas obras”, informou Paludo.
OSB – Existente, há mais de dez anos, o Observatório Social do Brasil (OSB). É uma instituição não governamental, sem fins lucrativos, disseminadora de uma metodologia padronizada.
As unidades municipais e estaduais são organizadas em rede coordenada pelo OSB, que promove a capacitação e oferece suporte técnico às unidades, além de estabelecer as parcerias estaduais e nacionais para o melhor desempenho das ações locais.
Os observatórios sociais chancelados pelo OSB já estão presentes em 140 cidades de 16 estados brasileiros. Estima-se que entre 2013 e 2017, com a contribuição desses voluntários, houve uma economia superior a R$ 3 bilhões para os cofres municipais.
Os interessados em obter mais informações sobre como registrar o interesse em integrar o sistema OSB também podem acessar o site: www.osbrasil.org.br. (P.C.)