Até o momento, mais de 12 mil estrangeiros já foram interiorizados desde que a Operação Acolhida se estabeleceu em Roraima. Esse processo tem sido a alternativa mais viável para desafogar Roraima e até mesmo a capital Boa Vista, que tem tido um impacto muito grande na prestação de serviços públicos por conta do fluxo de estrangeiros que chegam ao estado fugindo da crise humanitária na Venezuela.
Um novo investimento no segmento hoteleiro será feito pela Operação, segundo a coordenadora de Comunicação Social, coronel Carla Beatriz, por meio da entrega via mala direta de material informativo, porque muitos empresários do setor não sabem que existe em Roraima essa mão de obra que pode trabalhar em qualquer função, como garçom, cozinheira, arrumadeira, na limpeza. “A ideia é que mais venezuelanos sejam absorvidos pelo mercado de trabalho, principalmente por esse segmento que é tão forte e presente no país, e assim desafogue um pouco o estado de Roraima, em especial a capital Boa Vista”, explicou.
Carla Beatriz contou durante entrevista ao economista Getúlio Cruz, que apresenta o programa Agenda da Semana, que vai ao ar todos os domingos na Rádio Folha 100.3 FM, que a remoção de imigrantes para outros estados é um dos principais focos da Operação Acolhida, que recebe, diariamente, uma média de 600 venezuelanos que cruzam a fronteira da Venezuela com o Brasil em busca de abrigo, residência temporária ou solicitação de refúgio. “Grande parte dos esforços da operação tem sido canalizada para esse fim. Diariamente, militares das Forças Armadas, em conjunto com agências da ONU e sociedade civil organizada, trabalham na busca de oportunidades em outros estados brasileiros, onde esses imigrantes possam ter mais opções de trabalho, moradia, educação e saúde”, disse coronel Carla Beatriz.
Carla Beatriz explicou que para o processo de interiorização existe um setor nos postos de triagem em Pacaraima e em Boa Vista, responsável por fazer uma entrevista e o cadastro dos imigrantes que têm interesse de serem interiorizados. Conforme ela, a interiorização é um processo voluntário, no qual todos os beneficiários são previamente registrados e recebem auxílio na obtenção da documentação necessária para a regularização no Brasil. A Operação Acolhida certifica de que cada indivíduo esteja devidamente vacinado e com seus exames de saúde atualizados, além de situação legalizada no Brasil.
“Nem todos os venezuelanos preenchem esse cadastro, pois muitos querem ficar aqui pela proximidade com a Venezuela, para poder voltar mais rápido quando a situação do país vizinho melhorar. Aqueles que demonstram interesse são colocados em um portfólio [ficam a espera] e quando alguma empresa ou pessoa, que ficam sabendo por meio de divulgação do Rotary Clube, se interessar por determinado tipo de mão de obra, nos procura e fornecemos as informações. E a gente sempre prima por essa parte de vaga e oferta de empregos”, comentou a coordenadora de Comunicação Social da Operação Acolhida.
24 estados já receberam venezuelanos
No período de 7 a 12 deste mês, três processos de interiorização levaram 200 venezuelanos para outros estados brasileiros. Até a presente data, os que mais receberam imigrantes venezuelanos foram o Amazonas (1.163), seguido de São Paulo (1.094) e do Rio Grande do Sul (1.045). Ao todo, 24 estados de Norte a Sul do país receberam venezuelanos. Dos mais de 12 mil interiorizados, 4.482 foram facilitados pela sociedade civil, a partir de entidades religiosas, como a Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, mais popularmente conhecidos como ‘igreja mórmons’, que lideram o ranking, tendo interiorizado mais da metade desse número, ou seja, 2.804 imigrantes.
Abrigos estão com capacidade máxima de imigrantes
Atualmente sete mil venezuelanos vivem nos 11 abrigos em Boa Vista que, segundo a coordenadora da Comunicação Social da Operação Acolhida, estão com a capacidade máxima lotada e, por enquanto, não é possível receber mais imigrantes. Também são atendidos 1.100 estrangeiros em uma área próxima da Rodoviária Internacional de Boa Vista. “Por enquanto não há essa possibilidade, mas se falarem que temos que abrir outros abrigos a gente abre”, disse coronel Carla Beatriz.
“Temos espaços para estender a área nos abrigos Rondon, por que são muito extensas. O problema é que aumentando a capacidade de pessoas tem que aumentar as fossas, banheiros químicos, distribuição de água e energia, que são coisas complicadas aqui. A questão não é só colocar imigrante lá dentro, tem que ter infraestrutura adequada para o número de pessoas que a gente coloca a mais. No momento, a estrutura que temos é essa com a capacidade que está aí”, frisou Carla Beatriz.
Mais de 500 militares estão envolvidos na Operação Acolhida
Lançada em março de 2018, a Operação Acolhida operacionaliza a assistência emergencial para o acolhimento de refugiados e migrantes provenientes da Venezuela em situação de maior vulnerabilidade, decorrente do fluxo migratório provocado por crise humanitária. Tem o apoio de agências da ONU no Brasil e de organizações da sociedade civil. Entre 500 a 550 militares das Forças Armadas estão envolvidos na operação.
A Operação Acolhida envolve 11 ministérios e possui apoio e engajamento de organizações da sociedade civil e de diversas agências da ONU, como Agência da ONU para Refugiados (ACNUR), Organização Internacional para as Migrações (OIM), Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), Fundo das Nações Unidas para Infância (UNICEF), ONU Mulheres e Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).