Política

Operação investiga suposta fraude em licitações na ALE

Ação do Ministério Público Estadual cumpriu nove mandados de busca e apreensão, um deles na casa do presidente da ALERR, o deputado Jalser Renier (SD)

O Ministério Público Estadual (MPRR) deflagrou nas primeiras horas da manhã de ontem, 2, a operação “Royal Flush”, que investiga suposta fraude de licitações na Assembleia Legislativa de Roraima (ALERR). A residência do presidente reeleito da Casa, deputado Jalser Renier (SD), foi um dos alvos da investigação.

A operação da Procuradoria-Geral de Justiça do MPRR, que também contou com apoio do Grupo de Atuação Especial de Combate a Organizações Criminosas (Gaeco), Força Nacional e da Polícia Rodoviária Federal (PRF), cumpriu nove mandados de busca e apreensão e de sequestro de bens e imóveis.

Durante toda a manhã, os agentes realizaram buscas na residência do presidente e na ALERR. O perímetro da casa do deputado foi isolado por agentes da PRF, mas não foi o suficiente para afastar a atração de curiosos e órgãos de imprensa. A operação contou até com cães farejadores. Por volta de meio-dia, dois guinchos saíram da casa de Jalser Renier levando triciclos e quadriciclos. Outros veículos de luxo também foram conduzidos ao pátio da PRF.

Além do deputado, também foram alvos da operação sua mulher, Cinthya Gadelha; Cristiano Pontes Thomé; Vanina Wanderley Gadelha; Carlos Olímpio Melo da Silva; Elísia Martins e Anacleto Martins, além das empresas C.V. Derivados de Petróleo – Auto Posto Princesa Isabel e Martins e Padilha Serviços Ltda..

MOTIVAÇÃO – Segundo o Ministério Público Estadual, a operação é oriunda de uma decisão do juiz Luiz Fernando Castanheira Mallet, do Tribunal de Justiça de Roraima (TJRR), relacionada às investigações do MPRR sobre fraudes em processos licitatórios, contratos administrativos, lavagem de dinheiro e organização criminosa na Assembleia Legislativa.

“As investigações se iniciaram a partir de delação premiada homologada pelo TJRR, apontando supostos desvios de contratos licitatórios feitos por servidores da ALE em favor do parlamentar, bem como pela apreensão de documentos e relatórios técnicos confeccionados por auditores do Tribunal de Contas do Estado [TCE/RR], além de uma agenda contendo a contabilidade dos valores desviados e dos beneficiários”, informou o MPRR em nota.

Com a delação, foram realizadas diligências complementares e quebra de sigilo bancário e fiscal pelo MPRR que supostamente apontaram “movimentações financeiras atípicas por parte do deputado estadual e demais investigados”. O MPRR também investiga a prática do crime de obstrução da Justiça pela suspeita de vazamento, já que a informação é a de que os investigados souberam com antecedência da operação.

ROYAL FLUSH – O nome da operação é alusivo a melhor mão de cartas em um jogo de pôquer que consiste na sequência de Ás, Rei, Dama, Valete e Dez do mesmo naipe. A informação é que um dos investigados era acostumado à prática de apostas com altos valores.

Supostamente, a denominação também é referente a “Cartas Marcadas”, operação que apurou desvios de recursos públicos na Assembleia Legislativa de 2010 a 2016 e investigou fraudes na contratação de serviços e aquisição de materiais. (P.C.)

Alguns bens do deputado, como triciclos e quadriciclos, foram apreendidos da residência do deputado e levados para o pátio da PRF (Foto: Nilzete Franco/Folha BV)

Assembleia diz que prestará todas as informações à Justiça

A Superintendência de Comunicação da Assembleia Legislativa de Roraima (Supcom-ALERR) emitiu nota sobre a operação do Ministério Público Estadual. No texto, a Casa ressaltou que está disponível para prestar todas as informações solicitadas pela Justiça.

“A Superintendência de Comunicação da Assembleia Legislativa de Roraima informa que na manhã desta quarta-feira, 2, atendeu ao cumprimento de uma decisão judicial de busca e apreensão de documentos relacionados a processos administrativos”, diz trecho da nota.

A Supcom alegou ainda que a documentação recolhida pelos investigadores do MP diz respeito a processos administrativos datados dos anos de 2013 e 2014, os quais já estavam em posse do órgão desde meados de 2016.

OUTRO LADO – A Folha também entrou em contato com os representantes dos demais investigados, porém, não obteve retorno até o fechamento da matéria. Vale ressaltar que a equipe de advogados do deputado Jalser Renier esteve diversas vezes no local, mas em nenhum momento quiseram falar com a imprensa. (P.C.)