A nova fase da Operação Acolhida, divulgada pelo Governo Federal, ganhou repercussão entre os parlamentares federais de Roraima. A opinião dos representantes do estado foi dividida, com alguns achando que a iniciativa demonstra preocupação com Roraima e outros achando que a medida é utilizada como propaganda constitucional para estrangeiros.
Um dos parlamentares que avaliou positivamente a medida foi o deputado federal Nicoletti (PSL). Presente na solenidade de assinatura dos acordos de criação do fundo privado de doações para Operação Acolhida e incentivo ao processo de interiorização, o parlamentar afirma que a ação recente do Governo Federal demonstra que a situação vivida por Roraima está no foco das atenções do presidente Jair Bolsonaro (PSL).
“É extremamente gratificante estar à frente dessa articulação”, disse. “Mais do que nunca, vamos fortalecer o esforço conjunto entre os governos federal, estaduais e municipais, além dos organismos internacionais e a sociedade civil, para que o Brasil possa atender de forma eficaz à complexa emergência humanitária em curso, sem sobrecarregar a população roraimense”, completou.
Por sua vez, o deputado Édio Lopes (PL) afirma que a questão da interiorização é a principal demanda da bancada federal, considerando que as normas internacionais garantem o acolhimento de estrangeiros no país. A avaliação de Lopes é que o anúncio desta nova fase pode ser considerado positivo, mas ainda é necessário mais auxílio para o Estado.
“Essa medida do Governo Federal é uma alternativa, mas por si só não será a solução. É preciso que o Governo Federal faça uma ação direta junto aos governos estaduais, criando incentivos para estados e municípios receberem os venezuelanos. Não creio que isso vá solucionar o nosso problema ainda, mas já é uma resposta”, avaliou Édio.
O senador Mecias de Jesus (Republicanos) também concorda que iniciativa do Governo Federal para ajudar a situação de Roraima será bem-vinda, mas ainda não é suficiente para atender a alta demanda gerada pela imigração de venezuelanos.
“Temos feito pedidos constantes ao Governo Federal para que envie recursos emergenciais para arcar com essa imigração em massa que tem tomado de conta do nosso estado e tem prejudicado a vida dos roraimenses. Isso inclui cobrar do Governo Federal, que precisa pagar também os cerca de R$ 360 milhões que, na prática, deve ao Estado, de uma dívida gerada a partir dos gastos que não estavam previstos desde o ano de 2016”, relatou.
CONTRÁRIO – À Folha, o senador Telmário Mota (Pros) fez duas críticas ao anúncio do Governo Federal e afirmou que a nova fase da Operação Acolhida tem o objetivo de realizar propaganda institucional para as organizações internacionais.
Outro ponto citado por Telmário é com relação à possibilidade de escolha dos imigrantes pelos municípios que podem aderir ao processo de interiorização, onde disse que as regiões só vão escolher aqueles que têm mão de obra especializada, e não vão dar oportunidade para os venezuelanos que tem pouco estudo. O parlamentar frisou ainda que o Brasil tem um alto índice de pessoas desempregadas e que os gestores de cada localidade devem priorizar os brasileiros que estão sem trabalho.
Por fim, o senador declarou que esperava “uma Operação Acolhida sim, mas do estado de Roraima”.
“O estado vive a sua pior crise e a federação não compensa. O estado está cada dia pior. O Governo Federal está devendo para o Estado. O presidente foi eleito prometendo tirar todos os gargalos de Roraima e até agora não teve nenhuma ação positiva. Estamos esperando pelo enquadramento, pela energia, pela regularização fundiária. O presidente Bolsonaro está em dívida com a população, com os parlamentares”, finalizou.
ENTENDA – A Operação Acolhida, responsável pelas ações de assistência humanitária aos imigrantes venezuelanos, iniciou uma nova etapa na quarta-feira, 02. A premissa é de garantir poder de escolha dos municípios que aderirem ao processo de interiorização e, assim, diminuir a concentração de refugiados em Roraima.
A previsão é de que as cidades que aderirem à campanha “Interiorização + Humana” possam definir o número de pessoas e perfil dos migrantes que querem acolher, conforme as características econômicas dos municípios. Outro documento assinado foi o Acordo de Cooperação Técnica entre o Governo Federal e a Fundação Banco do Brasil para a criação de um fundo privado, visando o recebimento de doações à Operação Acolhida. (P.C.)