Liberais na economia, conservadores nos costumes e contrários ao comunismo. Essa é a descrição dos integrantes da nova UDN (União Democrática Nacional), um dos principais partidos políticos do período da ditadura militar e que, cerca de 50 anos após sua extinção, está sendo recriado em Roraima. Desta vez, segundo seus criadores, o partido ressurge com nova roupagem e os mesmos ideais.
Os integrantes já protocolaram na 1ª Zona Eleitoral de Boa Vista o pedido de averbação das fichas de apoio para criação da UDN, que é o primeiro passo para a implantação do diretório regional em Roraima.
“O partido político da União Democrática Nacional existiu no período de 1945 a 1965 e está em fase de coleta de apoios para sua refundação. O processo já está bastante avançado em vários Estados e Roraima não ficará de fora”, disse um dos responsáveis pela busca de apoio e organizador do diretório estadual, o professor Luís Cláudio de Jesus.
No livro “A UDN e o Udenismo: Ambiguidades do Liberalismo Brasileiro”, Maria Benevides conta a história de um partido que, concentrado na luta contra a ditadura varguista, foi tragicamente extinto ao apoiar o surgimento de outro regime autoritário. A sigla incluía liberais, mas também socialistas — as esquerdas democráticas, como eram chamadas à época. Durante os 20 anos que se seguiram, a UDN disputou as eleições com o progressista PTB, alinhado ao getulismo, e o PSD, mais ligado às oligarquias rurais. Para seus críticos, era o partido dos cartolas, do golpe, das vivandeiras de quartéis. Para os udenistas, era o partido do antigetulismo, dos moralistas, da classe média e dos liberais.
O partido, se recriado, será, por exemplo, favorável à remessa de lucros de empresas para o exterior e a favor de uma política de portas abertas às empresas estrangeiras.
Na questão dos costumes, a UDN defenderá uma moral alinhada com a cristã, particularmente a católica. Os ideais conservadores nos costumes e liberais na economia são as marcas dos udenistas, que como Carlos Lacerda (jornalista, político e membro da UDN), lutavam contra o comunismo, tido como mal do século.
Em Roraima, o projeto “Nova UDN” está sendo executado por um grupo de profissionais liberais e servidores públicos, escolhidos pela direção nacional da agremiação partidária. Até o fim de maio, o diretório no Estado será escolhido.
“A UDN notabilizou-se como um partido de direita, de ideologia conservadora na defesa das instituições, da sociedade e da família, do liberalismo econômico e intransigente no combate à corrupção. Fundado em 7 de abril de 1945, teve como principal expoente à época o saudoso Carlos Lacerda. A geografia política mundial tem acusado o esgotamento das ideias da esquerda e do socialismo e a sociedade tem apoiado fortemente os da direita. Esse cenário pode ser observado com a ascensão política dos partidos de direita na Europa, Estados Unidos e América Latina. O que ocorre no Brasil com a eleição de Bolsonaro é reflexo dessa tendência, por isso observamos como natural a recriação da UDN e as possibilidades de, em pouco tempo, retornar aos tempos áureos em que ajudou a construir nossa sociedade e a democracia em nosso País”, explicou Luís Cláudio que esclareceu que após receber a delegação da Executiva Nacional, o grupo está colhendo as fichas de apoio para a refundação do partido.
Os novos criadores afirmam que a UDN será o primeiro partido da direita do País, apesar da legenda anteriormente nunca ter se assumido publicamente dessa forma.
A UDN está em fase final de homologação nacionalmente. O presidente nacional da Nova UDN, Marcus Alves, diz que a ideia de ressurgir vem da necessidade de realizar um resgate político do Brasil.
“Percebemos que o Brasil sente falta de um partido que verdadeiramente represente a direita, conservador e de pessoas sérias. Os conceitos são os mesmos, mas nos modernizamos. Valorizamos a família e estamos totalmente contra a corrupção. Seremos implacáveis com isso”, aponta Alves.
O requerimento para criação do partido tem mais de 300 mil assinaturas. O partido terá como prioridade, segundo seu presidente, o empoderamento da mulher, a UDN Afro, UDN Jovem, UDN Saúde, UDN Segurança, entre outras.
De acordo com Marcus Alves, a homologação do partido deve estar liberada no meio do ano e já devem fechar chapas para vereadores e prefeitos para a eleição do ano que vem. Tudo isso mirando 2022, quando o partido deseja cadeiras importantes de governadores, senadores, deputados federais e estaduais.
Os interessados podem entrar em contato por meio do número 99112-8875 (WhatsApp) para esclarecimentos e envio das fichas de apoio.
“Reforçando que não se trata de filiação partidária, apenas de apoio à criação do partido em Roraima. As pessoas devem se informar nas redes sociais sobre os ideais e a história da UDN. Existem no YouTube vários vídeos com matérias e entrevistas”, orientou o professor Luís Cláudio.