O pedido de afastamento de cargo do secretário estadual de Saúde, Kalil Coelho, foi rejeitado por 13 dos 22 deputados que se encontravam em plenário na manhã de ontem, 25, na Assembleia Legislativa. O pedido era resultado do relatório da Comissão Especial Externa que acompanhava os atos da Secretaria de Saúde (Sesau) durante o estado de emergência na pasta.
Líder do governo na Casa, o deputado Brito Bezerra (PP) pediu que a votação fosse secreta, a fim de não constranger nenhum parlamentar. A deputada Aurelina Medeiros (PSDB), também da base governista, alegou que todo pedido de afastamento de secretário deve ser feito em votação secreta.
O presidente em exercício, deputado Coronel Chagas (PRTB), submete à decisão ao plenário. Apesar da orientação do líder do G14, deputado George Melo (PSDC), para que votassem contra o requerimento, quatro deputados – Chico Guerra (PROS), Dhiêgo Coelho (PSL), Izaías Maia (PRB) e Jorge Everton (PMDB) – tiveram a mesma opinião dos nove parlamentares governistas. Por 13 votos a 9, foi decidido que a votação do relatório seria secreta.
O voto de alguns deputados gerou surpresa entre os aliados do grupo independente, que se reuniram por cerca de dez minutos a portas fechadas. Depois da reunião do blocão, foi decidido que os dois relatórios – um do deputado George Melo, relator da comissão especial externa, e outro da deputada Aurelina Medeiros, de pedido de vistas – seriam apreciados em conjunto, uma vez que um anulava o outro.
A votação secreta mais uma vez teve resultado de 13 votos a 9 pela rejeição do relatório de Melo. Assim, os parlamentares rejeitaram o pedido de afastamento do secretário Kalil Coelho.
Em entrevista à Folha, Brito Bezerra disse que os deputados fizeram justiça votando contra o relatório do afastamento. “O relatório não tinha consistência e não poderia sugerir o afastamento do secretário de Saúde. Tínhamos um relatório bem trabalhado contrapondo isso e os parlamentares se convenceram de que estávamos certos. Portanto, está encerrada essa questão de sugerir afastamento do secretário”, frisou. Quanto aos quatro votos do blocão em conjunto com os governistas, Bezerra afirmou que isso não significa que eles estejam ao lado ou contra o governo.
George Melo reforçou que o bloco do qual é líder – o G14 – é independente. “Hoje aconteceu esse revés, mas recebemos isso com bastante tranquilidade. Não considero o voto de quatro deputados contrários à orientação do grupo como traição. E na próxima votação podemos votar juntos de novo”, disse.
Quanto a possíveis irregularidades do relatório apontadas por Aurelina Medeiros, Melo disse que vê com bastante preocupação as afirmações. “Deixamos muita coisa de fora daquele relatório. Eu não me surpreendo se amanhã a Polícia Federal chegar à Sesau e prender meia dúzia de pessoas. A minha preocupação, e de toda a comissão, era fazer um trabalho extremamente respeitoso, com fatos claros. Não me surpreendo se amanhã não tiver remédio por culpa de ações administrativas. Nós detectamos e íamos informar às autoridades. Foi um zelo extremo da nossa parte. Esperamos exaurir todas as discussões para que o processo viesse a ser votado”, explicou. (V.V)