Política

Prejuízo por má aplicação de recursos pode chegar a R$ 268 milhões

De acordo com presidente do Iper, antigas gestões aplicaram o dinheiro em instituições financeiras “quebradas”

O Instituto de Previdência do Estado de Roraima (Iper) calcula que devido à má administração das últimas gestões o instituto tenha deixado de recolher até R$ 268 milhões até o final de 2017. A informação foi repassada pelo presidente do Iper, economista Ronaldo Marcílio, que participou do programa Agenda da Semana, da Rádio Folha AM 1020, na manhã de ontem, 21, apresentado pelo radialista Getúlio Cruz.

Conforme o presidente, as antigas gestões do instituto aplicaram o dinheiro, recolhido por meio de contribuição dos servidores estaduais, em instituições financeiras “quebradas” e que deixaram de render ao Estado, até agora, cerca de R$ 68 milhões. Ele explicou ainda que estas aplicações só podem ser regatadas a partir do final do próximo ano e que até lá o Estado deixará de recolher mais R$ 200 milhões, totalizando R$ 268 milhões perdidos.

Contudo, o presidente frisou que o Iper não sofre diretamente com a falta destes recursos, pois opera com superávit de caixa até o ano de 2036, segundo análise feita pela Caixa Econômica Federal. Dessa forma, o Estado não será obrigado a aplicar recursos do Fundo de Participação dos Estados (FPE) para pagamento de aposentadoria do servidor, como acontece na maioria dos estados do Brasil. “Nós temos como patrimônio líquido, atualmente, mais de R$ 1,640 bilhão aplicado em instituições financeiras oficiais, que são a Caixa Econômica e o Banco do Brasil. Isso nos deixa confortável para pagar as aposentadorias pelos próximos 16 anos”, afirmou Marcílio.

Conforme explicou Marcílio, mesmo com as perdas, o instituto tem o melhor desempenho do País. “Roraima é um estado novo e as despesas mensais que o Iper tem são pequenas, por isso nós arrecadamos muito mais do que gastamos”, afirmou.  

De acordo com o presidente, o instituto arrecada cerca de R$ 12 milhões mensalmente, e tem como despesas apenas R$ 1.5 milhão. “Mostrando que nós temos um superavitário mensal superior a R$ 10 milhões, chegando a R$ 100 milhões de recolhimento por ano, isso sem contar as outras fontes de rendimento, que são as aplicações”, reforçou Marcílio. Ele afirmou que atualmente quase 20 mil servidores contribuem com o fundo e apenas 200 servidores recebem aposentadorias pelo instituto.

AUDITORIA – As irregularidades apontadas pelo presidente do Iper foram descobertas após uma auditoria realizada no instituto e que foi entregue na Procuradoria-Geral da Justiça do Ministério Público do Estado de Roraima (MPRR) na terça-feira passada, 16.

Foram identificados indícios de irregularidade, como a falta de análise dos riscos de investimentos e o não credenciamento desses fundos para receber o recurso e ainda a composição do Comitê de Investimento do Iper, que era formado por cinco servidores comissionados e o presidente do Iper, à época. “Hoje o Comitê tem membros do Tribunal de Contas, Ministério Público, Tribunal de Justiça e servidores efetivos do Iper”, disse ao esclarecer que a função do comitê é emitir nota técnica para subsidiar o presidente do Iper, recomendando ou não tal operação. “Eles que devem prever quando uma aplicação será bem-sucedida ou não, coisas que os outros não fizeram”, afirmou. (J.L)