Política

Presidente da Cerr afirma que dinheiro sumiu e federalização deverá demorar

Desde janeiro a Companhia Energética de Roraima (Cerr) tem data para ser federalizada e absorvida pela Eletrobras Distribuição Roraima. Contudo, o diretor-presidente da empresa, Antônio Carramilo, disse que não acredita que o processo seja concluído, de fato, em julho deste ano, como foi anunciado. Segundo ele, vários são os problemas a serem resolvidos antes da transição que, devido à crise nacional, pouco tem avançado.

“Que vai acontecer, a gente sabe que vai. Mas como e quando é impossível confirmar. Existem muitas coisas que precisam ser feitas e não há tempo hábil para isso. Com a crise do País, não sabemos como vai ficar”, disse o presidente ao apontar alguns problemas. Ele ressaltou que a estrutura física da empresa no Estado é mínima e precária, além de a companhia ter muitas obras paradas e não ter dinheiro para conclusão.

Carramilo lembrou que a Cerr obteve um empréstimo no valor total de R$ 604 milhões para sanar a empresa e prepará-la para a federalização – valor solicitado pelo Governo do Estado na administração passada, com autorização da Assembleia Legislativa, e concedido pela Caixa Econômica Federal. “R$ 542 milhões desse valor já foram repassados pela Caixa ao Estado ainda no governo anterior, mas o que nós identificamos, ao assumir a empresa, é que o dinheiro sumiu e nada foi feito”, revelou Carramilo.

Conforme explicou, a primeira parcela repassada aconteceu ainda em 2012, no valor de R$ 270 milhões. “Nesse primeiro momento, o objetivo era pagar todas as dívidas da Cerr”, lembrou. O segundo repasse ocorreu no ano seguinte. “Foram mais R$ 242 milhões para fazer obra reestruturante”, frisou disse o diretor-presidente.

“Faltam ainda R$ 82 milhões do total, que até o momento não saíram. É com esse valor que nós estamos lutando para receber e que deveremos trabalhar para concluir o processo”, frisou Carramilo, ressaltando que uma reunião com a Caixa já estava agendada para a tarde de ontem a fim de saber quais os pontos que faltam para transferência do valor restante.

“Gastaram todo o dinheiro recebido e não vimos nenhum resultado. Além disso, temos obras em vários pontos do Estado que foram deixadas pela metade. O fato é que nós assumimos e estamos lutando para concluir essas obras, mas estamos muito limitados”, destacou.

Sobre o destino do dinheiro, Carramilo afirmou que, em contato com a Secretaria de Infraestrutura do Estado, descobriu-se que todas as obras foram licitadas, mas as empresas não receberam dinheiro para a conclusão.

Segundo o presidente da Cerr, o déficit da empresa anual é R$ 108 milhões. “Agora imagina isso multiplicado por anos. Fora as dívidas trabalhistas, que são enormes. E é impossível precisar um valor porque todos os dias aparecem processos diferentes. Por todos esses motivos expostos, acredito que será impossível que a federalização aconteça até o prazo anunciado”.