O presidente da Câmara Municipal de Caracaraí, Jailson Fernandes, considera ilegal a decisão da maioria dos vereadores de afastar Valdemar Ferreira Lima Neto e de convocar o suplente Raildo do Gelão. Por isso, Fernandes prometeu pautar o pedido na sessão da próxima segunda-feira (8).
Valdemar Pé no Chão, como o vereador e vice-presidente da Casa é conhecido, está foragido desde que foi filmado agredindo a namorada em um bar da cidade do Sul de Roraima. O fato baseou um requerimento de sete páginas, assinado por sete vereadores, para afastá-lo por 90 dias.
Jailson Fernandes justificou a decisão de, por sua própria iniciativa, não submeter o pedido ao plenário na segunda-feira (1º) por ter recebido o documento sete minutos após o início da sessão e não ter tido tempo para analisá-lo.
“Eu resolvi pautar esse requerimento de afastamento na próxima sessão, porque eu tinha que ter tempo para ler e passar para o meu jurídico ficar a par da situação. O vereador [Santos Júnior] começou a tumultuar a sessão, suspendi por cinco minutos para ver se ele se acalmava. Iniciei novamente a sessão e depois resolvi encerrar, porque não tinha como continuar devido ao tumulto”, diz.
Um vídeo registrou o momento. “Se Vossa Excelência suspender a sessão, a gente faz o afastamento dele [Valdemar Pé no Chão] hoje”, disse Santos Júnior, segundo-secretário da Casa, batendo na mesa. Enquanto isso, moradores ocupavam o plenário e apresentavam cartazes com mensagens, como “Vereadores não sejam omissos a essa situação” e “Presidente não seja conivente com esse ato”.
Mas a confusão continuou após o reinício da sessão e, portanto, o presidente da Casa decidiu encerrá-la. Trecho de outras imagens mostra Santos Júnior perguntando se o primeiro-secretário Professor Irapuan, sentado à mesa, presidiria a sessão, mas o colega também decidiu deixar o plenário. Com isso, Júnior assumiu os trabalhos e pautou o pedido de afastamento de Pé no Chão com a consequente convocação do suplente.
“O segundo-secretário resolveu ser presidente pra conduzir uma sessão que, para mim, não teve validade de nada”, disse Jailson Fernandes. “Vamos colocar em pauta o assunto [na segunda-feira], isso é sério. Agora, um assunto tão sério ninguém pode politizar as coisas, como estavam querendo fazer, como um palco político. Não vou aceitar esse tipo de coisa”, finalizou.
Santos Júnior justificou que assumir a sessão foi a alternativa que viu para afastar o vereador foragido e que a decisão foi “referendada” pela maioria absoluta da Casa. “O que aconteceu aqui foi uma coisa nunca vista, o presidente da Casa se acha dono da Câmara Municipal para proteger quem pratica violência contra a mulher”, criticou.