Política

Presidente do PT diz que Jucá ‘não tem moral para falar de corrupção’

Entrevista do senador do PMDB no jornal Correio Braziliense foi rebatida por liderança petista em Roraima

O presidente do Partido dos Trabalhadores (PT) em Roraima, Titonho Beserra, rebateu as críticas feitas pelo senador Romero Jucá (PMDB) em entrevista concedida ao jornal Correio Braziliense, de Brasília, na manhã desta quinta-feira, 31. Intitulada “Jucá sinaliza que, se assumir, Temer tem que ‘governar’ com os melhores”, o senador roraimense aborda sobre a saída seu partido da base do Governo Federal e afirma que “o CNJ do PT está na Lava Jato, e o do PMBD, não”.

De acordo com Titonho, a afirmação é “cínica e não condiz com a realidade”, ao ignorar todos os processos de corrupção que os principais líderes do partido, em âmbito nacional, têm sido constantemente citados. “Uma pessoa que nem o Jucá falar de corrupção? Se ele acha que o CNJ do PT está na Lava Jato, quero dizer que o DNA do senador Romero Jucá está na corrupção”, rebateu.

Para o líder petista, Jucá deve primeiro avaliar sua conduta para pronunciar-se publicamente. Ele lembrou que, desde que ingressou na carreira pública como presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), em 1986, Jucá já era acusado de má conduta. “Desde aquela época, no primeiro cargo público dele, já existia uma investigação alegando que ele vendia madeira ilegal em área indígena”, frisou.

“Jucá já foi citado 12 vezes nas delações da Lava Jato. Então, eu acho que o senador deveria lavar a boca com água sanitária antes de falar do CNPJ do PT. Ele não tem moral, não tem nenhuma ética. Um dia desses, ele estava na base do governo e agora se diz o paladino da moralidade. Não é aceitável esse tipo de declaração de uma pessoa que não tem nenhuma condição, muito menos o partido dele, de estar falando isso”.

Beserra lembrou que as verbas vindas para o Estado têm origem federal. “Ele fala do Governo Federal, mas quem traz a verba para nós aqui, em Roraima? De onde vêm os R$ 100 milhões que estão sendo investidos em reformas de praças aqui em Boa Vista? De onde é o dinheiro do recapeamento do asfalto de toda a cidade? Dinheiro, inclusive, para administração do partido dele”, comentou.

Por fim, Beserra afirmou que existe interesse por parte do senador roraimense para o impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT) e que, por este motivo, Romero Jucá tem articulado, junto com o vice-presidente Michel Temer e o presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha para desarticular o governo atual. “Eles querem abafar os escândalos de corrupção que têm aflorado pelo País”, frisou.

NOTA OFICIAL – O diretório do PT em Roraima publicou uma nota de repúdio sobre as alegações do senador Romero Jucá publicadas pelo Correio Braziliense. A nota reforça que as acusações “proferidas com o objetivo de camuflar o envolvimento de várias lideranças do PMDB nas investigações da Operação Lava Jato, na qual vários políticos foram citados inúmeras vezes por terem recebido propina no esquema de corrupção da Petrobras, inclusive, o próprio senador.

Segundo a direção estadual do PT, a sociedade brasileira tem conhecimento de que as “maracutais” investigadas na Petrobras foram iniciadas – segundo os próprios delatores – ainda no governo do presidente José Sarney (PMDB), que perpassou a gestão de Fernando Color de Melo (PRN), do governo Itamar (PMDB) e de Fernando Henrique Cardoso (PSDB) até os dias atuais, não sendo uma invenção ou exclusividade de políticos do PT, tendo o PMDB e o próprio senador Romero Jucá participado diretamente de todos esses governos.

Os dirigentes petistas afirmam ainda que esse discurso de “bom moço” feito pelo senador Jucá “é uma aberração”. “Principalmente porque fomenta o golpe para colocar Michel Temer na presidência, justamente um vice-presidente que também foi citado várias vezes na Operação Lava Jato e que teve ação direta nas chamadas ‘pedaladas fiscais’, que são objeto de ação de impeachment contra Dilma”, frisou o partido.

Também frisou que o PMDB foi o maior sócio e beneficiário do atual governo e que a decisão tomada nada é uma estratégia “descarada de enganar a população brasileira” de que o partido não teve nenhuma participação na atual gestão.

Por fim, os dirigentes petistas afirmaram que o partido está mobilizado em todo o País, juntamente com outras agremiações partidárias e lideranças dos movimentos sindicais e sociais, no sentido de manifestar seu apoio à ‘preservação do Estado Democrático de Direito, contra o golpe e pela preservação dos direitos da classe trabalhadora e de apoio à presidente Dilma Rousseff’. (JL)