Política

Presidente do TRE diz que participação cidadã do eleitor pode evitar corrupção

Conforme o desembargador Mauro Campello, população também deve exercer o seu papel em eliminar atitudes que deturpam o processo eleitoral, como a compra de votos

Em entrevista ao programa Agenda da Semana, da Rádio Folha 1020 AM, no domingo, 10, o presidente do Tribunal Regional Eleitoral de Roraima (TRE-RR), desembargador Mauro Campello, tratou sobre a proximidade das eleições municipais, em especial por conta das mudanças do processo eleitoral do município.

Após intensa campanha, encabeçada principalmente pelo TRE-RR, o número de eleitores foi ampliado para mais de 200 mil em Boa Vista, o que configura a possibilidade de uma votação em segundo turno caso necessário.

“Nós tivemos um aumento considerável no número de eleitores em comparação com a última eleição geral. Nós chegamos a um aumento de 11% em relação a 2012, então, nós passamos a ter em nosso Estado um quadro eleitoral de 324.805 mil eleitores, sendo 203.575 mil somente em Boa Vista”, afirmou o desembargador.

Desses 324 mil, 52% são do gênero feminino, fazendo com que as mulheres componham a maioria do eleitorado de Roraima. Outro ponto importante é a representatividade dos jovens, na faixa etária entre 15 anos que completam 16 anos antes do pleito até 18 anos de idade, que agora configuram 25,81% dos eleitores.

“No momento em que você tem em Boa Vista um aumento no cadastro eleitoral de 25% de jovens, isso pode decidir o cargo de vereador. Agora, o discurso do palanque, da televisão, da propaganda eleitoral é ter políticas públicas para essa juventude”, avaliou o presidente. (P.C)

Para Campello, eleitores precisam de consciência política

Ainda em entrevista ao programa Agenda da Semana, o presidente do Tribunal Regional Eleitoral de Roraima (TRE-RR), Mauro Campello, disse que agora o eleitor precisa ter uma consciência ainda maior da sua atribuição, do seu papel no combate à corrupção nas eleições e do peso do seu voto. O desembargador acredita que a sociedade precisa se sensibilizar e atuar em parceria com os órgãos de controle e evitar práticas já conhecidas pelos brasileiros, como a troca de votos por produtos.

“Nós sabemos que muitas vezes, as reuniões políticas são realizadas nas próprias casas dos eleitores, onde a polícia, o Ministério Público e o Tribunal Regional Eleitoral não têm conhecimento”, disse o presidente.

“Nessas reuniões, o candidato chega oferecendo algo para obter vantagem daquela família ou daquela comunidade, ou muitas vezes os próprios políticos são abordados pelos eleitores, que questionam o que podem ganhar em troca do voto e perguntam sobre a possibilidade de recebimento de passagens aéreas, empregos e dinheiro”, criticou.

Além disso, o presidente do TRE-RR também alertou para a necessidade do próprio eleitor em buscar conhecer a fundo os seus representantes e as suas propostas e como elas poderão ser implantadas. Para ele, o eleitor tem o dever de questionar ao candidato como as propostas vão ser instauradas e com quais recursos, mediante a situação econômica do município e avaliar onde o recurso pode ser melhor aplicado, seja na educação ou na saúde, por exemplo.

“O processo mudou principalmente com esses dados do novo cadastro eleitoral e a situação política e econômica que atravessa o País. O eleitor tem que realmente conhecer os seus candidatos” disse. “A promessa pode ser melhorar o transporte público, mas é preciso questionar de onde virá o dinheiro. Qual é a mágica que o candidato vai fazer no orçamento? O eleitor tem que estar atento não só naquele que vai fazer a sua proposta, mas em como ele vai fazer a sua proposta”.

Outra forma de combater a corrupção na política brasileira, acredita Campello, é buscar uma forma de desenvolver a educação política e promover uma mudança geral na mentalidade de que nada funciona na política brasileira.

“É muito difícil algo mudar se a gente não mudar essa mentalidade, se não educar o povo. A gente tem uma carência no sistema educacional brasileiro, isso é uma verdade. Há uma resistência em introduzir uma chamada educação política”, avaliou.

“Isso não quer dizer aumentar a carga horária, mas nós temos que desenvolver nas aulas de história, geografia, português, enfim, dessas disciplinas que já existem, temos que promover discussões e pesquisas, educar e preparar essa juventude para a importância da democracia, do voto e da ética”, avaliou Campello. (P.C)