As esposas dos policiais militares que fazem manifestação em frente ao Comando de Policiamento da Capital (CPC) denunciaram para a reportagem da Folha, que os nove presos da Operação Escuridão, que foram levados custodiados para o local, estão recebendo tratamento diferenciado do que recebem os presos comuns.
Segundo as denunciantes, além de passearem livremente pelo quartel, os detentos também receberam antes da autorização judicial, visitas de políticos, sendo deputados estaduais e federais, amigos, familiares e até mesmo fizeram pedidos de pizzas em domicílio.
Ainda conforme informaram algumas testemunhas, tanto o entregador de pizza como alguns dos visitantes chegaram a pular o muro do quartel que é muito baixo e não tem nenhum tipo de segurança para falarem com os presos. A reportagem do jornal de Roraima, da Rede Amazônica, chegou a filmar o coronel da Polícia Militar Ronan Marinho e atual chefe da Casa Militar do Governo de Roraima caminhando despreocupadamente e se exercitando nas dependências do quartel, sem nenhum tipo de escolta.
No local estão custodiados nove presos, acusados de integrar um esquema de superfaturamento nos contratos para fornecimento de refeições dos presídios, incluindo o Coronel Ronan Marinho, o ex-secretário de Justiça Josué filho, o empresário João Kléber Siqueira, que segundo a PF seria o laranja que aparece como dono da empresa Qualigourmet e Renan Pacheco Filho, eleito deputado estadual. O empresário Guilherme Campos, filho da governadora de Roraima Suely Campos, permanece preso na carceragem da Polícia Federal em Brasília.
“Nós bloqueamos o local e evitamos a entrada das visitas, mas veio gente do Conselheiro Penitenciário, deputado federal, deputado estadual, familiar deles, tudo fora do horário da visita e até o rapaz que trouxe 8 pizzas para os presos. Até centrais de ar estão entrando.”
O grupo de mulheres protesta contra o atraso salarial dos servidores do estado, que estão sem receber o pagamento de outubro, e sem previsão para obterem os salários de novembro.
OUTRO LADO – Em nota para a Folha, o CPC (Comando de Policiamento da Capital) informou que não estão sendo concedidas quaisquer regalias aos presos. “Na quinta-feira, 29, quando foi definido que eles ficariam na sede do CPC, foi permitida apenas a entrada de colchões, porque a unidade não é estabelecimento prisional, portanto não dispõe de estrutura para abrigar pessoas”.