Política

Professor de Direito da UFRR pede que impeachment seja repensado

Conforme Edival Braga, impeachment está previsto na Constituição, mas deve ser adotado em caso de crime grave do chefe do Executivo

O professor de Direito da Universidade Federal de Roraima (UFRR), Edival Braga, fez um apelo para que a sociedade brasileira reflita sobre os rumos da crise política atual. Segundo ele, é preciso “passar o Brasil a limpo” e sugeriu que, caso a presidente Dilma Rousseff (PT) seja deposta do cargo, que sejam convocadas novas eleições gerais.

De acordo com Braga, o processo de impeachment está previsto na Constituição e deve ser adotado em caso de crime grave do chefe do Executivo. “Mas não é este o caso que estamos presenciando. Parte dos congressistas que estão analisando o processo de impeachment não tem nenhuma credibilidade política. Se por um lado deve ser assegurado o devido processo legal a todos, como justificar que Eduardo Cunha [presidente da Câmara dos Deputados, do PMDB] possa presidir a comissão de julgamento do chefe maior sendo que pesam provas contra ele e contra mais da metade da comissão que irá julgar?”, questionou.

Ao fazer uma análise histórica, Braga afirmou que o Brasil nunca viveu longos períodos de democracia e que sempre há um corte com alguma espécie de golpe. Para o advogado, é necessário que o povo conheça profundamente sua história para que não se repita grandes erros, como no caso do ex-presidente Juscelino Kubitschek. “Assim, a Nação não se deixará levar pela ideologia de partidos de direita ou de esquerda”, frisou.

Em seu discurso, Braga afirmou que a classe média do País, representada pela direita, não aceita pagar pelos programas sociais. “Essas despesas que geraram gradativamente um aumento nos impostos começou a inquietar essas pessoas. Ocorre que, se nós formos analisar o gasto do País somente com os juros da dívida pública, os gastos com os programas sociais são inexpressíveis”, pontuou.

Para o advogado, a corrupção no País é endêmica e o processo de investigação tem que correr todos os estados brasileiros. “Nós vivemos um momento, sem sombra de dúvidas, histórico e com maior divulgação dos atos de corrupção. Agora, o ponto de análise é: quais são os fatores reais de poder que estão tentando passar a imagem de que o Brasil nunca foi tão corrupto como hoje? Será que apenas não está vindo a público uma corrupção que já é endêmica?”, questionou.

O professor reforçou que para evitar “o golpe”, um conceito americano de “recall público” (quando a população afasta o representante da nação alegando que ele não tem mais legitimidade para representar o povo) poderia ser incorporado no Brasil. “A impopularidade da presidente seria uma justificativa para se pedir o recall ao Tribunal Superior Eleitoral, o que poderia culminar, através do voto popular, no afastamento da presidente. Mas é importante afirmar que a impopularidade não é fundamento para impeachment e por isso é considerado como golpe”, reforçou Braga.

A solução apontada pelo professor universitário seria a convocação de novas eleições. “Por que não se pensar na hipótese de uma eleição? Deve-se pensar que o vice-presidente atuou na relação e poder na presidente que aí está sendo julgada. Se a questão é passar o Brasil a limpo, o melhor caminho seria a convocação imediata de novas eleições”, justificou Braga.

Para concluir, o advogado lembrou que é importante que todos façam essa análise: “Mesmo estando em Roraima, distante do Congresso, é importante que se analise todos esses preceitos”. (JL)