A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), que investiga possíveis irregularidades na gestão da pandemia da covid, é o principal destaque no cenário político nacional recentemente. A avaliação é que a população deve ficar atenta ao que é discutido no Senado Federal, mas também ter consciência da qualidade da investigação.
A análise é do professor universitário e sociólogo Linoberg Almeida, ex-vereador de Boa Vista pelo Rede Sustentabilidade. Em entrevista ao programa Agenda da Semana na Rádio Folha 100.3 FM neste domingo, 09, o sociólogo afirmou que é um ponto positivo o fato da CPI da Pandemia ter andado.
“Como cidadão eu fico feliz pelo fato da CPI ter andado. Só que, ao mesmo tempo, eu fico muito preocupado com a qualidade dos senadores da República. Eu tenho acompanhado os debates da CPI, a qualidade dos questionamentos, os tipos de perguntas. Muita câmera, muita exposição. Parece que não é investigar de fato, mas procurar o melhor ângulo e chegar no seu eleitorado”, afirma.
Para Linoberg, a sociedade precisa fazer uma reflexão sobre a política brasileira atual e a necessidade sobre que tipo de sociedade está se construindo com o parlamento. “Estou muito preocupado com o fato da gente estar vivendo processos eleitorais contínuos, saindo de eleição e entrando em outra, sem discutir que tipo de sociedade que a gente quer. Isso é muito grave”, afirma.
O sociólogo acredita ainda, que esse formato de pouca análise política por parte da população, é em parte mantido por aqueles que estão no poder. “Um pequeno grupo de interessados e interesseiros tira vantagem disso e a gente, como sociedade acaba remando e não saindo do lugar”, completa. “Queria muito que a gente se unisse e que a sociedade passasse um pouquinho de tempo assistindo a CPI na televisão. Por mais que nós queiramos que dali saia uma investigação de qualidade, temos que nos perguntar: será que a maioria quer investigar mesmo?”, questionou.
Polarização é prejudicial para a sociedade, afirma ex-vereador
Sobre um possível cenário de polarização política, com uma eventual disputa entre o atual presidente Jair Bolsonaro e o ex-presidente Lula da Silva nas eleições 2022, o sociólogo afirmou que essa divisão em extremos opostos não é benéfica para a sociedade.
Para Linoberg, é preciso avançar dessa polarização. “Não dá para gente virar refém dese jogo pro resto dos tempos. Por isso que temos feito esse trabalho de defesa da democracia (por meio do Rede Sustentabilidade), para que a gente possa co-exisitir nesse sistema. Acho prejudicial para essa sociedade, a gente fechar a democracia naquilo que eles dois representam. Talvez o maior desafio é tentar construir alternativas”, declarou.
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