Política

Relação da União com governo estadual é boa, diz Neudo Campos

Ex-governador afirma que autoridades em Brasília têm se prontificado a ajudar nas dificuldades que Estado de Roraima enfrenta

No próximo mês, a governadora Suely Campos (PP) deverá se reunir com a presidente Dilma Rousseff (PT). O encontro é mais um indício de que a relação entre os governos federal e estadual está boa. De acordo com o ex-governador Neudo Campos, que tem se reunido constantemente com ministros, todos têm dado extrema atenção ao Governo de Roraima. “Estão se colocando à disposição para ajudar naquilo que for possível. Estamos com um relacionamento bom com o Governo Federal, mas vai ser melhor no decorrer desse ano”, disse em entrevista à Folha.
Como exemplo, Neudo citou uma reunião que teve há duas semanas com o ministro da Integração Nacional, Gilberto Occhi. “Conversamos sobre a situação de emergência de quatro municípios de Roraima por conta da seca. Expliquei que temos três componentes que são perigosos aqui: o aumento da temperatura, aumento da intensidade dos ventos e a diminuição da umidade relativa do ar, situação que proporcionou a queimadas de 1998, quando só São Pedro conseguiu apagar o incêndio”, comentou. “Vieram bombeiros de todo o Brasil, de outros países e não conseguiram apagar o incêndio nem do Apiaú [no Município de Mucajaí, Centro-Oeste do Estado], mesmo trabalhando intensamente com toda tecnologia possível”, acrescentou.
De acordo com o ex-governador, nas próximas semanas o Corpo de Bombeiros deverá receber recursos para construção de cacimbas, aluguel de viaturas, pagamento de mão de obra de brigadistas. “Isso demonstra uma atenção por parte do Governo Federal”, afirmou.
CONVÊNIOS – Neudo Campos criticou o atraso do pagamento da contrapartida de convênios feitos por gestões anteriores. “Quando asfaltamos a BR-174, de Caracaraí até a fronteira com o Amazonas em 1995, a contrapartida pedida pelo Governo Federal foi de 40%. Hoje, a contrapartida é de 4%. Atrasaram o pagamento, então parou tudo. Foi falta de interesse”, disse. “O esforço que a nossa gestão está fazendo é muito grande, pois o governo anterior não pagou algumas contrapartidas. Para que não ficássemos inadimplentes, tivemos que pagar R$ 37 milhões de INSS e outras coisas que devem ser pagas, senão nenhum recurso federal chega”, acrescentou.
Para ele, a verdade é que não houve um governo de transição que relevasse a situação do Estado. “Foi algo muito superficial. Depois que você entra é que constata a posição real de cada um desses contratos importantes com o Governo Federal”, frisou. 
Sobre empréstimos feitos do governo com a Caixa Econômica Federal, o ex-governador revelou que alguns recursos foram repassados do banco direto para as empresas. “Se isso aconteceu, como que o governo vai dever algum dinheiro se não recebeu verba alguma?”, questionou.
Apesar das dificuldades, ele demonstra esperança e conta com o apoio da bancada federal do estado. “Temos dois senadores e cinco dos oito deputados federais ao nosso lado. Pedimos que eles direcionassem as emendas parlamentares para o governo”, comentou. (V.V)

Estrada até Georgetown ainda precisa de aprovação de Dilma
A integração terrestre entre Boa Vista e Georgetown, na Guiana, fronteira Leste do Estado, pode sair do papel antes do esperado por alguns roraimenses. A ideia do Governo do Estado é convencer a presidente Dilma Rousseff (PT) de que o asfaltamento de Lethem a Linden – também no país vizinho – e a construção de um porto no mar do Caribe são uma boa opção para desenvolver Roraima e o Brasil.
O ex-governador Neudo Campos quer seguir o exemplo do Porto de Paranaguá, no Paraná, que tem algumas docas que são paraguaias. “Embora seja no Brasil, aquelas docas são território paraguaio, recebe as mercadorias destinadas ao país vizinho. E é esse o formato que queremos aqui: ter um porto de Roraima no Caribe, que será um atrativo para as empresas que produzem no Centro-Oeste e no Sul do país. O desafio de Roraima é produzir, porque a economia do contracheque chegou ao seu limite”, afirmou.
A obra, que deverá ser feita com recursos do Governo Federal, tem apoio do governo da Guiana e do Itamaraty. “Há uma conspiração positiva para que isso aconteça. Depois que a ponte sobre o Rio Tacutu ficou pronta, Lethem cresceu, se transformou economicamente. E a Guiana quer essa integração”, afirmou Neudo, frisando ainda que o país vizinho pode oferecer energia ao Brasil como contrapartida.
Segundo o ex-governador, o primeiro passo é convencer a presidente Dilma Rousseff. “Do jeito que fomos capazes de buscar energia da Venezuela, temos que fazer esses quase 450 quilômetros e esse porto, e integrar Roraima ao único país que faz fronteira com o Brasil que fala inglês. Vamos encontrar dificuldades para isso, inclusive políticas. O mais importante nesse ano é ter a anuência da presidente”, disse.
TUCURUÍ – Sobre a linha de transmissão de energia no trecho Manaus-Boa Vista, houve uma conversa entre representantes do Governo do Estado com o Ministério de Minas e Energia para que o imbróglio envolvendo a Fundação Nacional do Índio (Funai) seja resolvido o mais rápido possível. “O que falta é uma carta de anuência da Funai, que é uma decisão política. Mas reafirmo que Roraima tem que ser integrado ao Sistema Nacional Interligado”, afirmou Neudo Campos.
“Já pagamos muito caro pela energia, quando fizemos a linha de transmissão de Guri. Quem pagou por isso foi o usuário daqui. Se tivéssemos integrados ao sistema nacional de energia, isso seria dividido entre os milhões de usuários brasileiros. Mas estamos lutando pelo fim do isolamento”, acrescentou. (V.V)