LEO DAUBERMANN
Editoria de Política
Em entrevista ao programa Agenda da Semana de ontem, 3, na Rádio Folha FM 100.3, o cientista político Roberto Ramos, professor doutor da Universidade Federal de Roraima (UFRR), disse que a relação entre o Executivo e o Legislativo em Roraima será tensa devido à questão orçamentária.
“O diálogo com a Assembleia Legislativa, sem dúvida, por parte do governo estadual vai ser tenso, principalmente se ele for mexer naquilo que eu acho que tem de mexer, que é o orçamento”, disse Ramos.
Para o cientista político, é preciso rever a forma como o orçamento é dividido entre o Legislativo e Judiciário, o chamado duodécimo. “É preciso mudar essa relação de divisão orçamentária que existe entre os três Poderes, que acaba afetando consideravelmente a administração pública”, ressaltou.
De acordo com Ramos, o cenário local é incerto e o governo precisa ser criativo. “Na verdade, nós sabíamos que se encaminharia dessa forma. A crise existe, basta ver o cenário em que o governo anterior terminou, de uma forma muito negativa, mas é preciso ter criatividade e ganhar a legitimidade necessária para conduzir o Executivo”, afirmou.
Para Ramos, qualquer política moralista que se pretenda estabelecer posterior a atitudes impensadas, como a prática do nepotismo, ou determinadas alianças construídas, será vista de maneira negativa.
“Quando o governo, no início, mantém determinadas práticas, como nomeações de parentes ou alianças construídas numa cultura política marcada pelo ‘toma lá, dá cá’, acaba quebrando a legitimidade e mostra que não é um governo diferente dos demais. Aí o estigma de desconfiança passa a ser muito grande”, salienta.
Segundo o cientista político, os atos do Poder Público, sejam eles associados ao Executivo, ao Legislativo ou ao Judiciário, devem ser transparentes. “A coisa pública interessa a todo mundo. Então, se há um processo político dentro da democracia, os atos devem ser de conhecimento de todos. Por mim, todas as votações deveriam ser abertas, para que houvesse a maior transparência possível e o eleitor acompanhasse de fato a ação dos seus governantes”, completou.