Política

RR pode decretar situação de emergência

Os níveis nos reservatórios de alguns municípios começaram a registrar níveis alarmantes

O risco de o Governo decretar situação de emergência por conta da forte estiagem não está totalmente descartado. A afirmação foi feita pelo secretário executivo da Defesa Civil de Roraima, Francisco Cleudiomar Alves, durante entrevista ao programa Agenda da Semana, da Rádio Folha AM 1020. Além do secretário, a entrevista contou ainda com a participação do Comandante-Geral do Corpo de Bombeiros, coronel Edivaldo Amaral, que falou sobre as ações que estão sendo desempenhadas no combate a incêndios florestais no Estado.
Segundo o Cleudiomar Alves, muitos municípios do interior deram sinais evidentes de crise no abastecimento de água, já que muitos reservatórios locais se encontram em níveis críticos. “No levantamento feito pela Defesa Civil, a situação de escassez de água em algumas localidades do interior já é uma realidade. O Estado enfrenta essa situação de estiagem nunca vista antes. Muitos dos municípios não dispõem nem mesmo de equipamentos para aprofundar os poços de água para abastecer a agricultura e essa falta d’água pode, inclusive, afetar setores em expansão como a piscicultura. Se a estiagem se prolongar até o final de março, a piscicultura do Estado pode atravessar a pior crise de sua história, porque os reservatórios estão secando e a grande maioria não possui alimentação de água corrente”, disse.
Um relatório já foi produzido e será encaminhado nesta semana para a governadora Suely Campos (PP), indicando a necessidade da decretação da situação de emergência. “Por enquanto, essa estiagem não influencia diretamente na problemática de incêndio, uma vez que ações estão em curso, mas a estiagem é uma realidade que nos preocupa bastante”, acrescentou.
FOGO – Com o clima exageradamente seco, cresce também a preocupação com as queimadas. De acordo com o Comandante-Geral do Corpo de Bombeiros, Coronel Edivaldo Amaral, foram registrados, até o momento, 308 focos de calor em todo o Estado.
“Existem dois satélites que fazem essa verificação em todo território, georreferenciando todos esses pontos. Vale dizer que nem todos esses focos de calor são considerados incêndios. O que diferencia um foco de calor para o de incêndio é a sua durabilidade. Quando o foco de calor permanece por mais de três dias, aí sim já consideramos como foco de incêndio. Por isso, é necessário o monitoramento constante desses focos, acompanhando sua duração e já executando o combate quando necessário”, explicou.
Ainda segundo o comandante, grande parte dos focos encontrados pelas equipes brigadistas está situada no chamado ‘Arco de Fogo’, que engloba os municípios de Pacaraima, Uiramutã, Amajari, Alto Alegre, Boa Vista, Bonfím, Cantá, Mucajaí e Iracema. Entretanto, ele ressaltou que com o clima mais seco que o habitual, os municípios mais ao sul do Estado também começam apresentar características mais atípicas.
“Desses municípios que fazem parte do arco, as regiões do Apiaú e Campos Novos (em Mucajaí) são o maior alvo de preocupação, pois elas foram localidades que ficaram predispostas a incêndios de grandes proporções, como o que aconteceu no ano de 1998. E nós notamos também que houve uma mudança nesse ciclo, em que Rorainópolis está inserido nessa situação. Nesse começo de ano, o município registrou uma quantidade grande de focos de incêndios, pois está em uma área de transição climática por estar próximo à Linha do Equador”, disse.
A necessidade de reaparelhar a corporação também foi destacada por Amaral. Segundo ele, a Capital dispõe apenas três viaturas de combate a incêndios urbanos, o que inviabiliza a pronta resposta à população.
“Em todo o Estado, são cinco viaturas de combate a incêndios urbanos, em que três delas atendem à Capital, o que é insuficiente para atual demanda. Se uma viatura, por exemplo, for designada para atender uma ocorrência em outra localidade, a Capital acaba ficando desprotegida. Então, existe a necessidade de serem adquiridas mais viaturas para minimizar esses problemas, além de ampliar o número de postos da corporação, já que a cidade cresceu de forma horizontal e fica complicado atender às ocorrências dentro da Capital no menor tempo possível”, frisou.
Para o comandante, o ideal era que fossem adquiridas mais viaturas para o combate a incêndios florestais, já que são veículos adaptados a qualquer tipo de solo. “Há a previsão de aquisição de novas viaturas com recursos provenientes do BNDES. Para garantir esse recurso, o Estado assinou uma certidão onde se comprometeu a pagar todos os precatórios. Então, é possível que com esse recurso, nós possamos adquirir oito viaturas de combate a incêndio florestal e dez pick-ups, fora aquelas viaturas que foram cedidas pela Seplan”, completou. (M.L).
Calendário de incêndios controlados começa no dia 5
Com a assinatura do decreto governamental que criou o Gabinete Emergencial de Combate a Incêndios, todas as secretarias do Estado foram chamadas a colaborar com as ações de combate a incêndios em Roraima. Segundo Cleudiomar Alves, bases de atuações serão destacadas em todos os municípios antes do início das atividades do calendário de incêndios.
O objetivo é dimensionar a logística necessária para auxiliar a Defesa Civil e o Corpo de Bombeiros nas atividades de combate a incêndio. “Já aconteceram duas reuniões do gabinete com todos os secretários do Estado. Inicialmente, nós estaremos montando as bases de atuação um dia antes do início das atividades do calendário de incêndios controlados, que começa no dia 5. Além dos bombeiros e dos brigadistas do Previfogo, nós estamos capacitando os próprios produtores rurais para que eles também façam frente nessa batalha. Era para nós iniciarmos essa ação em outubro do ano passado, mas, por conta do período eleitoral, optamos por esperar o término da campanha para começarmos em definitivo”, ressaltou.
O secretário executivo da Defesa Civil ressaltou que os mais de 300 focos de calor registrados até o momento, não configuram situação crítica. “O que preocupa nesse momento é o surgimento dos incêndios florestais, embora não haja uma quantidade grande. Há a previsão de que com o início do calendário de queimadas controladas possamos enfrentar esse problema. Mas nós estamos nos preparando para evitar que isso ocorra”, concluiu. (M.L)