O presidente da Assembleia Legislativa de Roraima (ALE-RR), deputado Soldado Sampaio (Republicanos) afirmou que irá entrar com projeto de lei, com parceria com o deputado Renato Silva (Podemos) para cancelar o empréstimo de 805,7 milhões pedido pelo Governo de Roraima no ano passado. A afirmação foi feita em discurso na tribuna da ALE-RR, na sessão realizada nesta terça-feira (9).
“Fomos surpreendidos com um decreto suplementar ao Orçamento completamente diferente do que foi colocado na proposta. Não teria problema nenhum o governo dizer os motivos do remanejamento de recursos, mas é dever do Governo mandar um ofício explicando. O governo baixou um decreto que baixou de R$ 110 milhões para R$ 20 milhões para a Saúde. Como concordar com um movimento desses?”, questionou.
Ainda na tribuna, Sampaio criticou de forma dura o governador Antonio Denarium (Progressistas) e ainda cobrou explicações sobre denúncias de espionagem a políticos e servidores, que motivaram o rompimento político entre os dois no último sábado (6).
“Ele tem até quarta-feira para dar uma resposta concreta ou a Casa, e essa resposta não será uma coletiva de meia dúzia de secretários, dizendo nada com nada e tentando enganar a sociedade. Ele tem que dar uma resposta concreta ou a Casa tomará as devidas providências”.
Centralização
O presidente da Casa criticou ainda a postura do governador desde às eleições de 2022, quanto à liberação de emendas e a centralização de gestão na figura dele, motivado pela alta taxa de aprovação popular
“Muitos colegas já demonstravam desconfiança com o governador Antonio Denarium, com respeito ao cumprir o acordado e respeitando o mandato parlamentar. Me posicionei sendo o avalista de muitos acordos e depois fui cobrando um por um para que os acordos fossem executados”, disse.
“Começou a ter uma centralização, uma autodeterminação, achando que conhece tudo e entendendo que a administração pública é como uma empresa que simplesmente se administra com a vocação do dono”, complementou.
O presidente da Casa afirmou também que o Governo enxergava a relação com o Legislativo apenas pela conveniência e que a negociação para a candidatura de Catarina Guerra à Prefeitura de Boa Vista foi conduzida de forma muito ruim pelo Executivo.
“Essa Casa era provocada apenas ao que interessava ao Governo, e chegamos a imaginar que o governador queria uma lei delegada para colocar um cadeado na Assembleia e fechar para que ele administrasse tudo sozinho”, disse
“Entendi que era o momento de recuar e apresentar a candidatura da Catarina e esperava pelo menos um ‘muito obrigado’, mas fui chamado como se fosse um serviçal do governador para anunciar que ela seria a candidata”, afirmou.
Apesar das reclamações feitas, Sampaio disse ainda que manterá relações institucionais com o governador e não irá barrar projetos ou ações do Governo na Casa. “É nosso dever preservar as relações institucionais e não vou criar nenhuma restrição em relação aos projetos que o governo proponha aqui nesta Casa”.
Entenda
No último fim de semana, o racha entre o presidente da Assembleia Legislativa, Soldado Sampaio (Republicanos), e o governador de Roraima, Antonio Denarium (Progressistas), movimentou o cenário das eleições municipais de 2024 no estado.
No sábado (6), Sampaio rompeu politicamente com Denarium após suposta espionagem de um secretário a deputados estaduais. Os parlamentares teriam apresentado um relatório com fotos e vídeos comprovando as alegações de espionagem e pediram a exoneração do integrante do Governo. Porém Denarium teria recusado o pedido.
Outros motivos apontados pelo presidente da Casa Legislativa foi o desgaste entre um parlamentar aliado com o secretário de outra pasta, e um desacordo com a decisão do grupo em torno da pré-candidatura a prefeito de Pacaraima.
Nessa segunda-feira (7), em resposta ao rompimento, o então secretário de Educação e Desporto de Roraima, Nonato Mesquita, foi exonerado do cargo. Mesquita foi indicado ao cargo por Sampaio e chegou a ser superintendente-geral da Assembleia Legislativa de Roraima. No lugar dele, assumirá Mikael Wallas, que era secretário adjunto de Trabalho e Bem Estar Social.