Trator da Sepi já usado por família de secretário está abandonado, diz denúncia

Indígenas da própria etnia de Dilson Ingarikó denunciaram o caso anonimamente. Secretaria dos Povos Indígenas prometeu consertar o veículo

Trator da Sepi estaria abandonado perto da comunidade indígena Pipi do Manalai. em Uiramutã (Foto: Divulgação)
Trator da Sepi estaria abandonado perto da comunidade indígena Pipi do Manalai. em Uiramutã (Foto: Divulgação)

O secretário estadual adjunto dos Povos Indígenas, Dilson Ingarikó, é acusado de supostamente não liberar um trator com arado da pasta para outras comunidades da Serra do Sol, em Uiramutã, no Norte de Roraima. Indígenas da própria etnia de Dilson denunciaram o caso anonimamente.

Um tuxaua afirma que, atualmente, o veículo está abandonado perto da comunidade indígena Pipi do Manalai. “Esse trator é novo, não tem quatro anos, mas já se encontra abandonado”, lamentou o tuxaua.

O denunciante disse que a máquina, quando funcionava, era usada exclusivamente pela comunidade da família do Dilson. “Queremos também aradar nossa terra para plantar e fazer roçado. Mas o adjunto não libera o trator”, reclamou o líder indígena.

Trator da Sepi chegou a ser afundado no rio Cotingo, em Uiramutã (Foto: Divulgação)

Esse mesmo veículo, quando chegou à região da Serra do Sol, foi afundado por um indígena no rio Cotingo, o que danificou o motor. Segundo o denunciante, para consertá-lo, Dilson Ingarikó conseguiu arrecadar quase R$ 30 mil com indígenas da região, mas o conserto teria sido pago pela Sepi.

Em nota, a Sepi disse que providencia a manutenção do veículo, o que inclui ainda a troca de peças com defeito. A pasta ainda reforçou a responsabilidade em não compartilhar informações falsas ou tiradas de determinados contextos e que, “no caso de denúncias fundamentadas sobre possível má conduta de servidores, devem ser comunicadas à pasta para que sejam tomadas as medidas administrativas”.

Falta de cestas básicas

Indígenas das comunidades Ingarikó também acusam, anonimamente, o Governo de Roraima de privilegiar outras comunidades na entrega de cestas básicas pelo programa Cesta da Família. “Nunca recebemos cestas do Governo, enquanto outras comunidades recebem, menos o nosso povo. Queremos saber o motivo, porque não somos atendidos”, questionou um indígena.

A Secretaria do Trabalho e Bem-Estar Social informou, em nota, que já discute a logística do programa social para assegurar que chegue à população Ingarikó o mais breve possível, de forma regular. A pasta ainda declarou que, em 2024, entregou emergencialmente mais de 180 cestas básicas de alimentos para o povo dessa etnia, incluindo as aldeias Serra do Sol, Mapaé, Área Única, Pamak e Nutrir.