FABRÍCIO ARAÚJO
Colaborador da Folha
O secretário-geral do Partido Comunista Brasileiro (PCB), Edmilson Costa, está em Roraima desde ontem, 11, para tentar alavancar as candidaturas da coligação Frente de Esquerda.
Costa, que além de professor universitário também é doutor em Economia, afirmou que Roraima reflete a aliança nacional que pretende oferecer uma alternativa diferenciada de poder diante dos cenários tradicionais.
Em entrevista exclusiva à Folha, o secretário nacional também falou sobre Jair Bolsonaro (PSL), a atuação da direita no estado e as candidaturas indígenas.
“As nossas candidaturas são uma espécie de sangue novo na política de Roraima, porque aqui, ao longo de várias décadas, você tem as oligarquias que dirigem o Estado, uma hora é um lado da oligarquia, outra hora é outro lado da oligarquia”, disse.
Sobre as candidaturas indígenas do Estado, ele reforçou que Roraima tem a maior população indígena do Brasil, mas apenas 1,19% das candidaturas são de pessoas declaradas indígenas. O PCB tem a única candidata ao senado indígena e mais três candidatos a deputados estaduais.
“Esta nossa opção por colocar a Telma Taurepang (PCB) para fazer a disputa majoritária e os outros candidatos estaduais, e as outras chapas não terem a mesma proporção [de candidaturas indígenas], significa que estamos em consonância com a aliança nacional com os movimentos sociais”, afirmou.
A aliança nacional do PCB foi feita com o PSOL, o MTST, o movimento indígena e os movimentos sociais porque, segundo Edmilson, o modelo de velha política está esgotado e é preciso apostar em um novo modelo que ultrapasse o período de eleições.
Para o secretário-geral do PCB, instituto de pesquisa não ganha eleição e este ano eleitoral ainda é muito imponderável, não dá para saber quem vai a um possível segundo turno. Citou, usando os exemplos dos atentados a Marielle Franco (PSOL) e Jair Bolsonaro (PSL), que nos próximos 26 dias de campanha tudo pode acontecer e mudar completamente as pesquisas, mas disse que não há pessimismo em relação à campanha de Guilherme Boulos (PSOL).
“O Guilherme é o candidato à presidência mais jovem da história do Brasil, também é o candidato que não tem nenhuma denúncia de corrupção. Ele conseguiu juntar em torno de si um conjunto de movimentos sociais que nenhuma outra candidatura tem, é uma candidatura que nasceu das bases”, afirmou.
A ascensão de Jair Bolsonaro (PSL) para Edmilson tem a ver com dois pontos principais. O primeiro é que finalmente a extrema direita está mostrando a sua verdadeira face. “Tanto que o partido do Maluf chama progressista, o partido ultraliberal do Fernando Henrique chama Partido Social Democrata, o partido da oligarquia nordestina se chama Democratas que é o DEM, a burguesia sempre procurou se esconder atrás de siglas que diziam uma coisa e na sua essência eram outra, agora com o Bolsonaro, a direita resolveu mostrar a sua cara”, afirmou.
O segundo ponto está ligado ao cansaço da população em relação ao sistema político. “Outro aspecto é que uma parte da população que está de saco cheio com todo o sistema que está aí identifica no Bolsonaro um negócio antissistema pela maneira como ele está desenvolvendo a propaganda, porque de antissistêmico ele não tem nada”, declarou.
Secretário do PCB culpa Governo Federal por situação de imigrantes
Em rápida análise, Edmilson Costa culpou o Governo Federal pela situação de conflito entre brasileiros e venezuelanos, além de comparar as reformas do governo Temer com a época da República Velha.
Segundo Edmilson, a sua chapa política é internacionalista e não enxerga sentido em que se proíba a entrada de imigrantes no país, mas considerou que Roraima não tem infraestrutura para comportar a situação. “O governo não olhou para a crise dos imigrantes, como não está olhando para a crise da saúde, a crise da educação e nem a crise em geral”, afirmou.
O secretário do PCB disse que o governo não tem nenhuma percepção social e que fizeram em dois anos um retrocesso em todo o país que não se via desde a república velha em dois anos de governo Temer.
“A proposta da nossa aliança é revogar todas as medidas desse governo, que são ilegítimas, é um governo ilegítimo que trabalhou com um Congresso que, pelo menos a maioria, é de corruptos ou indiciados por corrupção e este pessoal não tem credibilidade para mudar leis que foram conquistadas por nossos avôs”, finalizou. (F.A)