Por conta do alto número de venezuelanos que atravessaram a fronteira até Pacaraima devido aos conflitos na região, mais de 800, a Prefeitura de Boa Vista e o Governo do Estado decidiram adotar algumas medidas preventivas, entre elas, de reforço na segurança da população brasileira e migrante.
Além das equipes do Departamento de Inteligência da Secretaria Estadual de Segurança Pública (Sesp) que foram deslocadas ontem ao município de Pacaraima, a Polícia Militar de Roraima (PMRR) também deslocou duas equipes na fronteira nesta quarta-feira, 01, para fazer patrulha no entorno do município, reforço no policiamento no perímetro urbano e monitoramento da situação da entrada de pessoas no Brasil por rotas alternativas.
“Estamos atentos, temos uma companhia em Pacaraima e, além das ações urbanas de policiamento ostensivo, também monitoramos os movimentos de acesso de pessoas pela fronteira, sobretudo naquelas chamadas rotas não regulares”, informou o coronel Elias Santana, comandante-geral da Polícia Militar.
O comandante explica que o reforço foi motivado em razão do estado de apreensão na localidade, já que a expectativa era que pudessem ocorrer novas travessias em massa de venezuelanos até Roraima, ainda mais considerando as manifestações do Dia do Trabalhador na Venezuela. Porém, o relato da PMRR das equipes em Pacaraima é que a situação foi tranquila durante o dia.
“O relato é que não há praticamente movimento de pessoas ingressando no Brasil. Isso serve para tranquilizar principalmente no âmbito da fronteira urbana, onde tudo está dentro da normalidade”, completou Santana.
MUNICÍPIOS – Já a Prefeitura de Boa Vista não especificou quais as medidas que vão ser adotadas para garantir a qualidade dos serviços para a população brasileira e migrante, mas declarou que vai manter a oferta de serviços para todos os cidadãos que vivem em Boa Vista dentro de sua capacidade, independente de sua nacionalidade.
A gestão municipal reiterou ainda “que a principal responsabilidade nesse tema é do Governo Federal e espera que as demandas de Boa Vista em relação à crise migratória sejam atendidas”.
A Folha também entrou em contato com a Prefeitura de Pacaraima para saber qual medida poderia ser adotada na região em razão dos conflitos pela gestão municipal, porém não recebeu retorno até o fechamento da matéria.
ENTENDA O CASO – A população venezuelana passou por momentos de tensão durante toda a terça-feira, 30, em razão de manifestações entre militares e populares que apoiam o líder da oposição, Juan Guiadó e o atual presidente da Venezuela, Nicolás Maduro. Por conta dos conflitos, a Força-Tarefa Logística Humanitária para o Estado de Roraima registrou um alto volume de venezuelanos atravessando a fronteira. (P.C.)
Bolsonaro descarta invasão na Venezuela
O presidente Jair Bolsonaro (PSL) afastou novamente a possibilidade de uma invasão militar brasileira na Venezuela e reforçou que não teve nenhum comunicado por parte do governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para uso do território brasileiro por parte do exército norte-americano para uma intervenção armada na Venezuela.
“A possibilidade [de o Brasil participar de uma ação militar] é próxima de zero, quase impossível”, declarou Bolsonaro. “A hipótese de participarmos, mesmo que de forma indireta, de uma intervenção armada é muito difícil, não vou dizer que é zero, mas é próxima de zero”, ressaltou.
“Não é nossa tradição [intervir] e entendemos que tem muito espaço ainda para ser negociado para conseguir-se, de forma pacífica, o restabelecimento da democracia e devolver a liberdade aos nossos irmãos venezuelanos”, acrescentou.
O presidente afirmou ainda que há uma preocupação do Governo Federal com relação ao impacto da crise na Venezuela nos preços dos combustíveis. “Uma preocupação existe sim, com essa ação e com embargos, o preço do petróleo a princípio sobe. Temos que nos preparar, dada a política da Petrobras [de seguir os preços do mercado internacional] e de não intervenção de nossa parte [do governo], mas poderemos ter um problema sério dentro do Brasil como efeito colateral do que acontece lá”, disse o presidente.
Vale ressaltar que o presidente Jair Bolsonaro deve participar nesta sexta-feira, 03, da reunião do Grupo de Lima para tratar sobre os desdobramentos da crise na Venezuela. A reunião acontece no Peru e deve contar com representantes dos governos da Argentina, Canadá, Chile, Colômbia, Costa Rica, Guatemala, Honduras, Panamá, Paraguai, Peru e Venezuela, no caso, com o líder da oposição Juan Guaidó representando o país como líder do executivo venezuelano.