Política

Sem base governista em plenário, independentes aprovam Orçamento

Depois de muita confusão pela manhã, deputados seguiram sob muita polêmica na sessão que entrou pela noite

Depois de um longo dia na Assembleia Legislativa, os deputados estaduais aprovaram, por 12 votos, a Lei Orçamentária Anual para 2016, que fixa despesas e estima a receita. A sessão, iniciada no meio da manhã de ontem, foi acabar depois das 20h em meio a discussões e brigas entre parlamentares da base governista e do grupo independente.

Os itens mais polêmicos do texto tratavam do percentual do crédito suplementar e do valor do duodécimo a ser repassado para os poderes no ano que vem. O percentual estipulado ficou em 10% e o aumento do duodécimo foi de R$ 10 milhões por mês, no total. Contrários à votação do Orçamento na noite de ontem, os 11 deputados da base governista se retiraram do plenário.

A grande polêmica, porém, girou em torno da troca de membros da Comissão Mista de Orçamento, Fiscalização Financeira, Tributação e Controle da Assembleia Legislativa. Com a saída dos deputados Dhiêgo Coelho (PSL) e Ângela Águida Portella (PSC) do grupo independente para a base governista, eles foram substituídos na comissão, o que gerou questionamentos.

Na comissão, ainda pela manhã, assumiram as vagas os deputados Naldo da Loteria (PSB) e Zé Galeto (PRP), o que foi questionado à noite durante a sessão plenária. Ainda pela manhã, o relator do Orçamento, deputado Jânio Xingú (PSL), afirmou à Folha que não cederia aos pedidos do Governo do Estado quanto à redução dos valores a serem repassados para os poderes. “Não concordo com a diminuição do valor para os poderes. O (deputado) Brito quer diminuir e quer que eu mude o relatório, mas não vou fazer isso. Quanto ao crédito suplementar, estamos conversando”, disse. Depois de muita conversa e bate-boca, os deputados aprovaram o relatório, com percentual em 5%, que foi modificado à noite.

A tarde foi de muito entra-e-sai no plenário da Assembleia Legislativa, que contou com a presença do Procurador de Contas, Paulo Sérgio Oliveira, do Ministério Público de Contas (MPC), e do presidente do Tribunal de Contas do Estado (TCE), conselheiro Henrique Machado, que conversaram com os parlamentares.

Já no início da noite, ao reiniciar a sessão, o presidente da Casa, deputado Jalser Renier (PSDC), afirmou que nunca tinha se deparado com “um momento tão difícil como este” e pediu respeito entre os parlamentares.

O líder do agora G8, deputado Mecias de Jesus (PRB), entregou requerimento à Mesa Diretora questionando a mudança dos membros na Comissão Mista de Orçamento. “Eles foram escolhidos pelos presidentes das comissões permanentes e o líder de bloco não poderia interferir nisso”, alegou. “A mudança na composição das bancadas acarreta na modificação do quantitativo de membros nas comissões”, lembrou.

No requerimento, afirmou que a Comissão Mista de Orçamento cometeu ato inválido porque votou um relatório com membros que não pertenciam à comissão e pediu a anulação da votação do Orçamento na comissão. Jalser Renier explicou que quando a substituição dos membros foi lida em plenária, durante a leitura da ata da sessão de terça-feira, nenhum dos deputados governistas questionou o tema e decidiu: “O requerimento vai ser publicado no Diário Oficial e analisado posteriormente”.

O líder do G3, deputado Soldado Sampaio (PC do B), também apresentou requerimento à Mesa Diretora, pedindo a retirada da Lei Orçamentária Anual da pauta da ordem do dia. “Baseio no fato de que a composição da comissão que aprovou o relatório se deu de forma ilegal”, alegou. O presidente submeteu o requerimento ao plenário, que em votação simbólica rejeitou o pedido.

Com o início da votação do Orçamento, os deputados da base governista se retiraram de plenário deixando para os 13 parlamentares restantes a decisão de aprovar ou não a peça, no valor de R$ 3,2 bilhões. Por 12 votos, a lei foi aprovada.

O líder do governo na Casa, deputado Brito Bezerra (PP), afirmou que a opção pela obstrução da votação se deu porque os governistas entenderam que a sessão não tinha legitimidade. “Contestamos a sessão feita pela manhã na Comissão Mista de Orçamento, por ter uma manobra dos deputados de oposição ao governo em retirar das comissões os deputados Dhiego e Ângela. Uma medida antidemocrática e que não está amparada no Regimento Interno da Casa”, disse.

Para Brito, a aprovação do Orçamento “da maneira como eles bem quiseram” inviabiliza o Estado no que diz respeito às principais demandas nas áreas da saúde, educação e segurança pública. “Ficamos com um orçamento engessado e totalmente disponível para os poderes constituídos (Tribunal de Contas e de Justiça, Ministério Público Estadual e de Contas, Assembleia e Defensoria Pública). O orçamento é antidemocrático e covarde com o povo do nosso Estado”, assegurou.

O líder do governo afirmou que pretende entrar na Justiça contestando a legitimidade da sessão e afirmou que o Governo do Estado vai judicializar a peça orçamentária “por entender que não tem condições de repassar, de forma obrigatória, o valor do duodécimo, porque é altamente exacerbado”. “Não temos condições financeiras de arcar com isso”, alegou.

Com a aprovação do Orçamento 2016, os deputados estaduais entraram em recesso parlamentar. (V.V)