Política

Senador afirma que não pode haver ‘apartheid’ com indígenas

Telmário Mota se posicionou sobre uma entrevista dada por Denarium onde ele afirma que a demarcação pode atrapalhar o desenvolvimento do estado

O senador da república Telmário Mota (PTB) procurou a Folha nessa sexta-feira, 16, para afirmar que discorda do posicionamento do governador eleito Antonio Denarium (PSL) que afirmou que a questão indígena precisa ser resolvida, pois é um atraso para Roraima.

O senador citou a entrevista dada pelo governador eleito Antonio Denarium, que afirmou que Roraima está sendo penalizado por questões ambientais e indígenas e que na opinião dele, a ideia de 46% do território do Estado ser destinado a áreas indígenas pode dar surgimento a uma nova nação o que seria “um grande risco para a soberania” do Brasil.

Na mesma entrevista, o futuro governador acrescentou que a preservação ambiental de 20% da área de Roraima “tem atrapalhado o desenvolvimento do nosso Estado” e que é preciso buscar acordo com os povos tradicionais.

“Eu discordo plenamente quando ele diz que o atraso do Estado de Roraima é a questão indígena. O atraso de Roraima tem sido a corrupção que é endêmica no estado. Ele tem que assumir o governo com esse sentimento de combater a corrupção que se alastrou e está destruindo Roraima, pois perdura de longas datas”, explicou.

Para o senador, o novo governador não pode pensar como empresário e nem dizer que a demarcação de 46% do estado coloca em risco a soberania.

“Ele está implantando o ‘apartheid’. E tendo sido eleito o governador, com a maior autoridade do Estado, não pode colocar a sociedade não indígena contra a sociedade indígena, dizendo que os índios hoje oferecem risco para a sociedade. Ele como Governador tem que implantar a união, a unidade e tem que entender que essas áreas dos povos indígenas é uma realidade, que se produz nessas áreas e que ele tem que criar mecanismo para ajudar os povos indígenas no setor produtivo, pois tem a pecuária, tem agricultura, questão de minério.”

O senador por Roraima disse que espera um governo muito positivo do novo eleito e que acredita que ele não vai se contaminar por sentimentos de exclusão.

“Denarium teve uma grande votação nas comunidades indígenas e eu espero que não seja contaminado por esse grupo, e com esse sentimento. Que ele entenda que é governador de todos, índios e não índios”.

Dívida Pública precisa ser negociada

Sobre a questão do endividamento de Roraima e da tentativa de negociar os débitos junto ao governo federal, Telmário Mota explicou que acredita que a maneira como o governador eleito está se posicionando é a correta.

“Eu concordo com o modo como o governador eleito está trabalhando para pactuar a dívida pública de Roraima junto ao governo federal, que hoje está em torno de 2 bilhões e está inadimplente, e estados como o Rio de Janeiro, que deve mais de R$ 63 bilhões, está adimplente. Ele precisa negociar esse recurso para investir em custeio ou investimento no Estado de modo geral. Parabenizo o novo governo por essa decisão. Também acredito que um bom caminho é realmente negociar a questão fundiária que tem que ser negociada juntamente com a questão energética e esse é o momento de buscar isso junto ao novo governo”.  

Senador sugere revalidar diplomas de brasileiros no exterior

Sobre a saída dos médicos cubanos do Brasil, Telmário Mota disse que conversou com o vice-presidente general Mourão e disse o que achava da situação, dando uma opção para o novo governo federal.

“O Brasil está agora com esse questionamento com relação à presença dos médicos cubanos aqui no nosso país e a maioria deles deve retornar para Cuba, de acordo com novo posicionamento do presidente eleito Jair Bolsonaro. Liguei para o vice-presidente eleito General Mourão e sugeri que nós temos vários médicos brasileiros formados na Venezuela, Bolívia, Peru, Argentina e Paraguai, além de outros países da América do Sul e todos esses médicos brasileiros querem retornar ao país, portanto precisa reconhecer o revalida deles. O vice-presidente gostou muito da ideia de substituir os médicos cubanos pelos médicos brasileiros que querem retornar ao nosso país e eu espero que o presidente eleito adote ela para amenizar toda essa problemática que pode prejudicar a população mais carente”, finalizou.