Política

Sindicato critica falta de diálogo com gestão da saúde estadual

”  #SEM TEMPO? Confira o resumo da matéria

Presidente do Sindicato dos Profissionais de Enfermagem de Roraima (Sindprer), Melquisedek Menezes, aborda principais queixas da categoria que está em greve desde novembro do ano passado e balanço das demandas dos servidores dos últimos anos em entrevista à Rádio Folha 100.3 FM.  “

Mesmo com a mudança de gestão de Governo e na Secretaria Estadual de Saúde (Sesau), as reclamações dos profissionais de enfermagem do Estado permanecem. A principal delas é a falta de diálogo entre os gestores e os profissionais da ponta, que lidam diretamente com as necessidades da população.

Em entrevista ao programa Agenda da Semana na Rádio Folha 100.3 FM neste domingo, 05, Melquisedek Menezes, presidente do Sindicato dos Profissionais de Enfermagem de Roraima (Sindprer), abordou a manutenção da greve da categoria desde novembro do ano passado e demais reclamações à gestão estadual. Ele afirma que a opinião dos profissionais não é levada em consideração no momento de realizar um planejamento das atividades no Estado.

Para o sindicalista, a saúde tem que ter um planejamento e contar com a participação, tanto do gestor como do trabalhador, algo que não está acontecendo em Roraima. “Falar de saúde pública é falar de conjunto, de construção de todos os atores, no caso dos profissionais de enfermagem, e de todos os outros. Nos últimos anos isso não vem acontecendo na saúde pública no Estado”, informou Menezes.

Em greve desde novembro do ano passado, o representante da enfermagem afirma também que as principais demandas da categoria são a elaboração de um plano de cargos, carreiras e salários; e condições mínimas de trabalho, ou seja, limpeza, higiene, medicação, material e locais de descanso, além de respeito com os profissionais.

O presidente do Sindprer ressalta ainda que os questionamentos dos profissionais só agravaram com o passar dos anos. “A luta da categoria não é de agora, são de anos anteriores, mas preciso, desde 2016 quando fizemos mais uma greve, pelas mesmas coisas que estamos pedindo hoje em dia. Aí se vê a gravidade da situação. Se em 2016 já pedíamos por socorro, hoje, em 2020, a categoria não suporta mais”, revelou.

SALÁRIOS DEFASADOS – Mais um dos problemas enfrentados pela categoria, segundo Melquisedek, é a questão dos salários defasados dos profissionais. O presidente do Sindprer afirma que atualmente o Estado conta com mais de 500 enfermeiros; mais de 700 auxiliares de enfermagem e mais de 1,6 mil técnicos de enfermagem, totalizando mais de 3 mil profissionais, sendo 70% do total membros do gênero feminino.

O vencimento básico do profissional de nível superior da categoria é de R$ 3,9 mil; para o auxiliar é de R$ 1,8 mil e para o técnico é de R$ 1,9 mil, todos com jornada de trabalho de 30 horas semanais, com profissionais presentes em todas as unidades de saúde da Capital e do interior. Em comparação, afirma o sindicalista, um médico ganha aproximadamente R$ 5 mil com uma carga horária de 20 horas semanais.

“No segmento da saúde, o profissional de enfermagem é o que mais trabalha e que recebe menos. Se formos passar para outras áreas do Poder Executivo, o salário do servidor despenca. É o mais baixo. Do total de pagamento executado pela Sesau, os profissionais de enfermagem correspondem a apenas 26% do total. O restante é dividido para as outras categorias. Isso demonstra o quanto o salário é defasado”, critica.

Outra problemática vivida pelos profissionais da enfermagem, segundo o sindicalista, é com relação ao impacto físico e psicológico vivido devido ao volume de trabalho. “Temos a hipertensão, a diabetes, as doenças musculares e o psicológico, que é o mais grave, que vem desde transtorno do sono, irritação, ansiedade, depressão. Nós salvamos vidas, mas desde que tenhamos condições dignas necessárias para fazer um serviço de assistência”, alega.

OUTRO LADO – A Folha entrou em contato com a Secretaria Estadual de Saúde (Sesau) sobre as demandas da categoria e as denúncias de condições de trabalho dos profissionais de enfermagem, porém, não recebeu retorno até o fechamento da matéria. (P.C.)