Em seu último pronunciamento durante sessão ordinária na Assembleia Legislativa (ALE-RR), a deputada Betânia Almeida (PV) voltou a efetuar críticas à saúde pública do Estado, abordando a situação das unidades hospitalares, atendimento à população e qualidade de trabalho dos profissionais da área.
No primeiro momento, Betânia lembrou da audiência pública que contou com a presença da promotora de saúde do Ministério Público (MPRR), Jeanne Sampaio, onde a situação da saúde estadual foi classificada como crítica. Segundo a parlamentar, em Roraima, quem precisa de uma cirurgia precisa recorrer à Justiça para conseguir o tratamento.
A deputada afirma que há um número alto de ações judiciais ingressadas por pacientes para garantir uma cirurgia. “Nada disso seria preciso se houvesse realmente competência administrativa para dar o suporte que os hospitais precisam para trabalhar. Ou seja, se houvesse insumos, medicamento, pessoal e estrutura”, justifica Betânia.
Ainda sobre o número de ações judiciais, a deputada ressaltou que há um grande tempo de espera para realização de procedimentos e que o Governo gasta R$ 879 milhões do orçamento da Secretaria Estadual de Saúde (Sesau) com cirurgias individuais, que poderiam ser feitas regularmente no Hospital Geral de Roraima (HGR).
“São cirurgias que custam mais de mil vezes o valor que deveria por um único paciente. Cirurgias de R$ 100 a R$ 300 mil reais são pagas a hospitais particulares, simplesmente porque o Estado não consegue garantir a compra de materiais”, complementou.
Por fim, a deputada pediu que os membros da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Saúde pudessem elucidar as questões apresentadas. “Acredito que a CPI pode fazer muito pelo nosso povo. Esta Comissão não vai se omitir e vai trazer os anseios que a população vem cobrando dos parlamentares”, complementou.
OUTRO LADO – Em nota, a Secretaria Estadual de Saúde defendeu que houve avanços significativos na restruturação da saúde pública do Estado, já na gestão do governador Antonio Denarium (PSL), onde foi possível a revisão de demandas judiciais e realização de cirurgias ortopédicas, neurológicas e arteriografias.
A Sesau informa que, até o dia 23 de outubro deste ano, realizou 3.346 cirurgias no HGR, sendo 1.594 eletivas e 1.752 de emergência. Em relação às cirurgias bucomaxilofacial, os pacientes que ainda permanecem na lista são os de demandas judiciais de anos anteriores, defende a pasta. “Já foram 20 cirurgias eletivas realizadas para essa especialidade até o dia 21 deste mês, com tempo de espera de no máximo 10 dias devido à espera para que o inchaço no rosto do paciente diminua para poder ocorrer o procedimento cirúrgico”.
Os dados da Secretaria também defendem o total de 907 cirurgias ortopédicas, sendo 582 eletivas e 407 emergenciais. Ainda neste período foram realizados 97 procedimentos cirúrgicos da neurocirurgia, sendo 26 em caráter eletivo e 71 emergenciais, completa a Sesau. “Neste ano também foram retomados os mutirões de cirurgias oncológicas para atender à demanda de cerca de 90 pacientes com câncer que aguardam para fazer cirurgia no Estado. A intenção da Unidade de Alta Complexidade em Oncologia de Roraima (Unacon-RR) é zerar a fila de espera até a segunda semana de dezembro”, completou a nota.
Por fim, a Sesau reafirma ser a principal interessada nos trabalhos da CPI da ALE-RR, “a fim de que se esclareça que todos os percalços que estão sendo enfrentados pela atual gestão, provenientes da incapacidade administrativa das gestões passadas”. (P.C.)