A atual situação do Hospital Geral de Roraima (HGR) motivou um pedido de intervenção federal nas unidades de saúde públicas do Estado. As representações foram protocoladas junto ao Ministério da Saúde (MS) e a Procuradoria Geral da República (PGR) na manhã de ontem, 12.
O protocolo é de autoria do procurador Paulo Sérgio Sousa, do Ministério Público de Contas de Roraima (MPC-RR). Segundo informações do órgão de controle, a formalização do pedido ocorreu após a realização de uma diligência do procurador no Hospital Geral, na quarta-feira da semana passada, dia 05 de junho.
Na ocasião, o procurador afirma que constatou inúmeras irregularidades na unidade de saúde, como “falta de material de proteção adequada aos servidores, roupas de cama insuficientes aos leitos, tomógrafo quebrado, falta de medicamento, limpeza precária, além de falhas estruturais no prédio, como goteiras, rachaduras, mofo nas enfermarias e nos corredores do hospital”.
Conforme o relato repassado pela assessoria de comunicação do MPC-RR, alguns pacientes chegaram a conversar com o procurador durante a fiscalização, acrescentando informações e relatando a rotina diária do HGR. O órgão diz ainda que uma das pacientes relatou o medo de infecção e que havia ouvido pelos corredores de que “o hospital estava contaminado e piorando”.
O nome da enferma não foi revelado, segundo o MPC, pois a mesma não quis se identificar por medo de influenciar no seu atendimento. A paciente estava na unidade internada à espera de um exame para realização posterior de uma cirurgia.
REPRESENTAÇÃO – Feita a visita, o procurador relatou então as irregularidades na representação entregue aos órgãos federais, além de relembrar o histórico de problemas já enfrentados pelo Hospital Geral ao longo dos anos e a atual situação de decreto de calamidade pública, prorrogado por mais 90 dias no final do mês de maio.
“É público e notório que, já não é de hoje, a situação da saúde pública em Roraima está imersa em profundo caos e se encontra assim diante a irresponsabilidade dos gestores públicos do Estado”, afirma Paulo Sérgio. “Mesmo decretado estado de calamidade pública, a população não tem sentido nenhuma melhoria nesta área”, completou.
O procurador também citou como exemplo, a atual situação do sistema prisional, que, a seu ver, teve uma melhora com a Intervenção Federal com a redução do índice de fugas e rebeliões na Penitenciária Agrícola de Monte Cristo (Pamc).
“Precisamos urgentemente desta intervenção nas unidades de saúde em Roraima, só assim todas as deficiências serão saneadas pelo Governo Federal e a população sentirá o efeito imediato na melhoria da qualidade dos serviços oferecidos por todas as unidades de saúde”, declarou.
“Vamos acompanhar de perto essa solicitação para que essa intervenção possa acontecer o mais rápido possível”, finalizou o procurador. Vale ressaltar que, embora o pedido tenha sido feito pelo MPC-RR aos órgãos federais, cabe somente ao presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL), decretar a intervenção federal no Estado.
Denarium diz ser humanamente impossível resolver todos os problemas em seis meses
O governador Antonio Denarium disse que resolverá o problema da saúde (Foto: Nilzete Franco/FolhaBV)
À Folha, o governador Antonio Denarium (PSL) afirmou que o problema da saúde em Roraima não é atual, porém sofreu um agravamento nos últimos anos com o intenso fluxo migratório venezuelano. O chefe do Poder Executivo também afirmou que é impossível resolver todas as problemáticas da administração pública em um breve período de tempo, desde que assumiu a gestão.
“Pegamos um estado destruído e é humanamente impossível resolver tudo em um período de seis meses. Conseguimos resolver o problema do transporte escolar, o reinício das aulas, merenda escolar, estamos resolvendo o problema da segurança e queremos resolver o problema da saúde também”, declarou.
O governador disse também que tem desenvolvido ações para a melhoria da oferta de serviços na saúde estadual, em especial nos processos licitatórios de aquisição de remédios e materiais.
“Nós entramos no Governo agora, temos consciência das falhas que nós temos, mas estamos trabalhando para resolver tudo. Estamos fazendo as licitações para fazer o abastecimento de medicamentos e também retomando as cirurgias, os exames, as internações, como forma de atender melhor”, acrescentou.
Por fim, Denarium disse acreditar que a tendência é melhorar e espera que a saúde estadual se torne uma referência positiva para toda a população. “Eu também não concordo que a população do Estado continue com um péssimo serviço de atendimento na saúde. Todos nós, e eu também, preciso de uma saúde de maior qualidade”, finalizou o governador. (P.C.)